ESCANDINAVOS

Escandinavos estreia dia 31 agosto no Teatro Augusta

Monólogo interpretado pela atriz Andrea Tedesco dirigido por Nicole Aun é a primeira montagem do texto do dramaturgo paraense Denio Maués

Foto de Marcelo Patu

Inspirado na relação entre o cineasta Ingmar Bergman e a atriz Liv Ullman, “Escandinavos” retrata uma atriz que busca maneiras de recontar a sua própria história, na tentativa de compreender e superar o fim de um denso relacionamento amoroso.Dessa forma, ela cria uma nova história que se confunde com a sua, o fim do romance de um diretor de cinema sueco com uma atriz norueguesa. A peça discute o quantovida e arte se influenciam.

A diretora Nicole Aun optou por uma cenografia simples, que desse espaço às diversas idas e vindas da cabeça da personagem. A atriz cria ambientes e figuras apropriando-se dos objetos de cena: três cadeiras apenas.

Ficção e depoimento, presente e memória se confundem na peça, os paralelos do texto são tecidos minuciosamente, não somente entre as duas histórias de amor, mas entre vida e arte. Desnuda-se aos poucos muito mais do que a confusa história da protagonista, mas o processo de criação da própria peça que está sendo encenada. Sendo essa, ao fim a sua redenção, a possibilidade de colar alguns cacos – não todos – através da arte.

Sobre como o texto foi escrito
“Escandinavos” nasceu como uma peça para dois atores, uma atriz (a Andrea) e um ator, em 2013, que contariam sobre o relacionamento desfeito, ora com diálogo dramático, ora narrando para o público.

A primeira leitura para o público estava marcada para uma terça-feira mas na segunda o Denio recebeu um telefonema que informava que o ator estava doente e precisaria ficar internado. “Falei com alguns amigos, que topariam na boa substituí-lo, mas não puderam em cima da hora, na segunda-feira à noite, tinha de tomar uma decisão: ou arriscava mais algum substituto ou eu leria o texto com a Andrea. Achei as duas opções ruins e, como era um texto curto, resolvi arriscar e transformá-lo em monólogo. Passei grande parte da madrugada fazendo isso porque não foi tão fácil quanto eu imaginei, rs. A primeira questão: como ela assumiria as falas e os pontos de vista dele sobre a relação?Aos poucos, o discurso da personagem foi nascendo. Por ser um ponto de vista único, as certezas dela tomaram a dianteira, obviamente. Mas vieram com algumas lacunas, lapsos de memória e reconstrução da sua própria história. Depois de pouquíssimas horas de sono, reli o texto pela manhã, gostei e achei que dava para apresentar. Liguei para a Andrea e perguntei se ela toparia fazer como monólogo. Ela topou, pediu a nova versão e passou o dia estudando”, conta o dramaturgo.

“Penso que o resultado, como monólogo, mostra, ao mesmo tempo, a fragilidade e a força do teatro: fragilidade por lidar com o ser humano ao vivo, que pode adoecer de repente; e força porque sempre pode se transformar, com uma potência inimaginável”, completa Denio.

Sobre o autor
Denio Maués integra o Centro de Dramaturgia Contemporânea (CDC). Autor da peça  “Escandinavos” (direção: Nicole Aun/2016) e coautor de “Jardim inverso”(*) (direção: Paulo Faria/2009). Em 2014, lançou livro de peças (coleção “Palavras para Teatro”/CDC-Editora Patuá). Colaborou na dramaturgia de “Ingratidão” (direção: Cacá Carvalho/2013). Em Portugal, participou com o CDC do projeto “Capitanias dramatúrgicas” (2012). Roteirista colaborador do longa-metragem “Para ter onde ir” (direção: Jorane Castro/2016). Autor de livros infanto juvenis pelas editoras Panda Books, Paulus e Escala. Também é jornalista.(*) coautoria com Drika Nery e Luis Eduardo de Sousa.

Sobre a diretora
Nicole Aun é formada pelo Teatro Escola Célia Helena (1997). Dirigiu os espetáculos “Todos os Meus”, de Marina Tranjan, com a companhia Auto Retrato, “O que refletem esses pedaços”, inspirado na filmografia do cineasta sueco Ingmar Bergman; “Todas elas”, texto elaborado a partir de fatos e depoimentos de mulheres da América Latina; “Pau, Brasil!”, uma farsa que conta a história do Brasil; “Mau ditas”, um cabaré que conta a história da mulher sob o ponto de vista da prostituta. Fez assistência de direção para Marco Antonio Rodrigues nos espetáculos “Por cima estrelas, por Baixo…”e “Antígona”, para Reinaldo Maia nos espetáculos “O Banho” e “Pavilhão 5”, (com Reinaldo Maia também desenvolveu um trabalho com a Cia de Teatro da Monte Azul, por 5 anos); para Paulo Autran em “Encontro/espetáculo com Ariclê Peres, Emílio DiBiase no espetáculo “Madame Shakespeare”, de 2011 a 2014 autou como assistente de direção de Cacá Carvalho na Casa Laboratório para as Artes do Teatro com os espetáculos “Estudo Hamlet e “A Ingratidão é Fria Como o Mármore”.

Sobre a atriz
Ao longo da sua trajetória Andrea Tedesco estudou no CPT e trabalhou com importantes grupos da cena paulistana como o Folias D’Arte em “Querô”, e com a Velha Companhia em “Crepúsculo”, entre outros. Recentemente trabalhou com a Cia Opovoempé em “Na Polônia, isso é onde?”(Sesc Consolação) e na peça “A Batalha da Maria Antônia – Arqueologias do Presente” (Festival TUSP de Teatro). No início de 2016 fez “Dadesordemquenãoandasó” com o Coletivo Provisório Definitivo. Em cinema atuou nos filmes de Ugo Giorgetti: Uma Noite em Sampa, Cara ou Coroa e Boleiros 2, pelo qual foi indicada a melhor atriz coadjuvante.

Serviço
Temporada: de 31 de agosto a 27 de outubro
Quartas e quintas às 21h
Duração: 50 minutos
Classificação: 12 anos
Ingressos: R$ 20
Onde: Teatro Augusta – Sala Experimental – Rua Augusta, 943
30 lugares.
Telefone: (11) 31514141
Até: 27 de outubro

Ficha Técnica
Dramaturgia – Denio Maués
Direção – Nicole Aun
Interpretação – Andrea Tedesco
Iluminação – Jimmy Wong e Diego Gonçalves
Trilha Sonora – Pedro Canales
Objetos de cena – Ciro Schu
Figurino – Andrea Tedesco e Nicole Aun
Produção: Andrea Tedesco e Nicole Aun
Foto: Marcelo Patu