ADEUS, PALHAÇOS MORTOS!

Novo espetáculo da companhia Academia de Palhaços, ADEUS, PALHAÇOS MORTOS!, do romeno Matei Visniec estreia  dia 15 de julho

 15 de julho a 7 de agosto no Centro Cultural São Paulo
10 de agosto a 29 de setembro no TUSP

Dirigido e adaptado por José Roberto Jardim, espetáculo contemporâneo e provocativo problematiza o próprio fazer artístico

Fotos de Victor Iemini

Três grandes artistas circenses do passado acidentalmente se reencontram, depois de muitos anos, na antessala de uma agência de empregos. Eles sabem que só um será escolhido. Nesse dia suas amizades, memórias, segredos, pequenezas e vilanias serão expostos, criando, dessa maneira, uma ode ao ofício do ator e uma profunda reflexão sobre os fundamentos filosóficos da carreira artística. A sala de espera desse teste de casting, que nunca acontece, se revela um não-lugar, um limbo onde estas três figuras se vêem condenadas a rever suas escolhas éticas e estéticas, num exercício infinito de reflexão sobre a resiliência do artista, a urgência da Arte e a sacralidade do ofício.

Essa peça marca a consolidação da parceria artística entre a companhia Academia de Palhaços e o diretor José Roberto Jardim, que já trabalharam juntos em diversas ocasiões e configurações, mas que pela primeira vez se encaram como elenco e diretor.A estreia acontece dia 15 de julho, sexta-feira às 21h no Centro Cultural São Paulo. Em seguida, espetáculo engata temporada no TUSP.

A Academia de Palhaços, fundada por atores oriundos do curso de artes cênicas da Unicamp, comemora em 2016 os nove anos de sua trajetória de pesquisa e produção teatral continuada. A companhia iniciou-se em uma investigação cênica sobre o palhaço de picadeiro brasileiro e em seus dez espetáculos produzidos até o momento transitou pelo universo do ator popular.

Cinco desses espetáculos eram realizados sobre uma Kombi-Palco num grandioso projeto de teatro itinerante. Em 2015, essa Kombi se incendiou e queimou cenários, figurinos, palco e equipamentos de som e iluminação. Diante dessa catástrofe que reduziu anos de trabalho literalmente a cinzas, a companhia viu seu próprio fim. Dois de seus integrantes desistiram do teatro e os três que restaram, Laíza Dantas, Paula Hemsi e Rodrigo Pocidônio, tiveram que lidar com o inevitável fim/recomeço de uma mudança de ciclo. Perante essa necessidade de se reinventar, convidaram o diretor José Roberto Jardim justamente no intuito de reler sua trajetória artística a partir de outras lentes, pois Jardim trabalha numa perspectiva estética bastante distante da pesquisa da companhia, tendo seu olhar voltado ao teatro contemporâneo, suas performatividades, porosidades e rizomas.

José Roberto Jardim respondeu ao chamado da companhia trazendo o texto “Um Trabalhinho Para Velhos Palhaços” de Matei Vişniec, que trata justamente de três artistas circenses diante do fim de suas existências, de suas carreiras e da Arte. Uma metáfora perfeita para catalisar artísticamente o momento de fim/recomeço da Academia de Palhaços e seus três atores. Essa empreitada entre cia. e diretor, apoiada pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, reúne também uma premiada equipe de criadores: Tiago de Mello, o diretor musical, é um dos expoentes mais profícuos da música experimental eletroacústica do Brasil; o cenário e as vídeo-projeções ficaram a cargo do Coletivo BijaRi, um grupo de arquitetos, artistas plásticos e vídeo-makers especializados em instalações e mapping; o figurino foi desenhado e criado pelo estilista Lino Villaventura e o visagismo é assinado por Leopoldo Pacheco.

Essa frutífera equipe e suas contribuições alçaram o projeto a novos patamares.

O texto original de Matei Vişniec conta a história de três palhaços velhos num tom de comédia do absurdo, ao melhor estilo de seu conterrâneo Eugène Ionesco. Já a adaptação, assinada pelo diretor José Roberto Jardim, essencializa o texto, universalizando muitas de suas questões, deixando suas contradições mais aparentes e o transformando num ácido mergulho existencial sobre o fazer artístico. A encenação potencializa ainda mais a adaptação ao reduzir elementos, apostando no minimalismo e na essencialidade, traços esses marcantes da assinatura de Jardim como diretor.

“Cada cena é um recorte num espaço-tempo descontínuo e fragmentado, são fotogramas vagando nas memórias individuais e coletivas daquela trupe circense, são vozes do passado ecoando em busca de algum sentido” diz o diretor José Roberto Jardim. O espectador ao ser impactado pela violência dos deslocamentos espaço-temporais é convidado a um passeio pelas questões que movem estes velhos artistas desde seu passado de glória até seu inevitável futuro. “Propusemos uma experiência sensorial que transita entre o abismo da morte e a devoção de uma vida voltada à arte e que, portanto, mira a imortalidade”, conclui Paula Hemsi, uma das atrizes da Academia de Palhaços.

SINOPSE:
Três grandes artistas circenses do passado acidentalmente se reencontram, depois de muitos anos, em uma agência de empregos. Eles sabem que só um será escolhido.

FICHA TÉCNICA:
Texto Original: Matei Vişniec. Direção e Adaptação: José Roberto Jardim. Elenco: Laíza Dantas, Paula Hemsi e Rodrigo Pocidônio. Direção Musical: Tiago de Mello. Cenografia e Vídeo-Instalação: BijaRi. Figurino: Lino Villaventura. Visagismo: Leopoldo Pacheco. Iluminação: Paula Hemsi e José Roberto Jardim. Direção de produção: Carol Vidotti. Fotografia: Lígia Jardim e Victor Iemini. Suporte Institucional: Cooperativa Paulista de Teatro. Patrocínio: Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. Realização: Academia de Palhaços

SERVIÇO TEMPORADA CCSP
Estreia: 15 de julho
Duração: 70 minutos
Classificação Etária: 12 anos
Onde: Centro Cultural São Paulo – Rua  Vergueiro, 1000.
Anexo da Sala Adoniran Barbosa
Gênero: Drama
Estreia e temporada de 15 de julho a 07 de agosto.
Sextas e sábados às 21h e domingos às 20h.
Entrada Gratuita.
50 lugares.

SERVIÇO TEMPORADA TUSP
De 10 de agosto a 29 de setembro
Nos dias 31/08 e 01/09 não haverá apresentações.
Onde: TUSP – R. Maria Antônia, 294 – Vila Buarque.
Quartas e quintas, às 21h.
Entrada gratuita.