ESPARTANOS

Teatro jovem

Novo espetáculo de Pedro Garrafa estreia no Centro Cultural São Paulo dia 19 de julho

Universo dos games, whatsapp e a violência propagada pelo aplicativo e a crescente vontade do jovem de se destacar na sociedade como youtuber são inspirações para novo trabalho do dramaturgo

Fotos de Lila Batista

Após sucesso do premiado espetáculo O Alvo,o diretor e dramaturgo Pedro Garrafa estreia nova peça jovem, agora com quatro atores no elenco: Lucas Padovan, Lucas Frizo, Luan Braga e Pedro Dix. Espartanos faz temporada de 19 de julho a 31 de agosto na Sala Adoniran Barbosa, no Centro Cultural São Paulo. As sessões acontecem às terças e quartas-feiras e os ingressos custam 20 reais.

Espetáculo de estreia da Cia 108, Espartanos surgiu da vontade de falar sobre a violência fora do senso comum. “Existe a ideia muito presente de que filmes, séries de TV, livros e, sobretudo os jogos de videogame que abordam situações violentas afloram e incitam a violência dos jovens. Visto sobre outro ponto de vista, essas narrativas não são o princípio, mas sim o resultado de uma ‘cultura da violência’, que alimentamos por milênios em nossa sociedade e a reforçamos todos os dias, muitas vezes sem mesmo perceber”, conta o dramaturgo.

A intenção do novo espetáculo de seu repertório é abrir a questão da cultura da violência além dos games. “É um espetáculo sobre a responsabilidade de se propagar um discurso e um comportamento violento, independente do que se joga, consome ou assiste”, conclui.

Sinopse
Os quatro personagens de Espartanos têm 15 anos e, além de serem amigos e morarem todos no mesmo condomínio, eles formam um clã vitorioso no jogo de batalhas online no qual são viciados. Eles chegaram às oitavas de final do campeonato nacional, que será disputada em um evento enorme. Mas um vídeo viralizado pela internet, que mostra uma cena real de violência cometida no próprio condomínio em que vivem, acaba entrando na vida desses amigos e mudando o jeito como eles veem a violência no mundo real e virtual.

Ponto de partida
Pedro Garrafa conta que a inspiração para conceber o espetáculo veio de três raízes diferentes: o universo dos games, Whatsapp e a violência propagada entre os jovens a partir dessa ferramenta (tema abordado nos espetáculos O Alvo 1 e 2) e a crescente vontade do jovem de se destacar na sociedade como youtuber.

“Os games se tornaram muito populares nos últimos anos gerando clãs especializados de jovens jogadores, como o famoso LeagueofLegends. Ao mesmo tempo que os jogos conectam jovens e adultos de todo o planeta e alimentam uma indústria enorme e muito criativa, paradoxalmente são responsáveis por uma onda gigantesca de casos de dependência crônica dos jogos, levando seus jogadores ao total isolamento do mundo exterior”.

“Vício da maioria dos jovens, o Whatsapp propõe uma assustadora liberdade de tráfego de conteúdos violentos como vídeos de linchamentos, mortes e acidentes. Isso exige um rigoroso filtro pessoal. Muitas vezes, sem perceber, o usuário da ferramenta está propagando involuntariamente um discurso no qual ele não acredita, ou não tem a intenção de propagar”.

A última fonte de inspiração, a vontade do jovem de se destacar na sociedade como youtuber, para Pedro Garrafa “na maioria dos casos, é uma sede pelas visualizações, likes e inscritos, que ultrapassa o discurso, caindo no perigoso mundo do qualquer coisa pelaaudiência.”

A linguagem, o jovem e o teatro, por PEDRO GARRAFA

Dando continuidade na intenção de falar com o público jovem de maneira horizontal (de jovem para jovem) e não de maneira vertical (adulto para o jovem), a linguagem do espetáculo entra no universo de ebulição da testosterona no universo masculino, ganhando a energia hipnótica do adolescente.

Para falar de violência e trazer à cena essa energia, a opção de usar a percussão e principalmente o cajón como elemento constitutivo da cena nos pareceu adequada. Assim, a montagem assumiu um tom rítmico que evoca muitas vezes uma atmosfera tribal, que ao mesmo tempo conversa com o tema do jogo, e cria um paradoxo entre a violência do jogo e das sociedades mais primitivas. A percussão em Espartanos tem como objetivo tornar a violência do tema uma linguagem estética, metafórica, sem trazê-la fisicamente para a ação dramática.

Outro ponto importante da linguagem do espetáculo é a arquitetura cênica em arena. O público assiste de cima a ação, como se fosse condômino do cenário da trama. A proposta é: ao mesmo tempo que o espetáculo provoca o olhar curioso do público acerca da intimidade dessas personagens, ele também se coloca distante da ação e do incomodativo tema. Sendo convidado a uma análise racional do assunto.

FICHA TÉCNICA
Texto e Direção: Pedro Garrafa
Direção Musical: Beto Angerosa
Elenco: Lucas Padovan, Lucas Frizo, Luan Braga e Pedro Dix
Assistente de Direção: Matheus Heck
Iluminação: Pedro Garrafa e Matheus Heck
Trilha original: Diego Trindade
Produção e comunicação: Elemento Cultural
Direção de Produção: Fernanda Bianco e Guilherme Maturo
Produção Executiva: Renata Nastari
Comunicação Visual: Dave Santos
Fotografia: Lila Batista
Figurinista: Ariana Martinelli
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

SERVIÇO
Estreia dia 19 de julho – até dia 31 de agosto
Duração: 70 minutos
10 anos
Centro Cultural São Paulo – CCSP – Sala Adoniran Barbosa
Rua Vergueiro, 1.000
Telefone: (11) 3397-4002
Temporada: terças e quartas, às 20h
R$ 20
www.ingressorapido.com.br
Horário de funcionamento da bilheteria; terça a sábado, das 13h às 21h30; e domingos, das 13h às 20h30
Até dia 31 de agosto.
Teatro jovem.