OS DOIS E AQUELE MURO

Os Dois e Aquele Muro com direção de Francisco Medeiros estreia 13 de junho no Espaço dos Fofos

Texto de Ed Anderson narra uma noite na qual dois homens solitários – interpretados pelos atores Plínio Soares e Luciano Gatti – se encontram pela primeira vez e juntos entram em um jogo intenso de sedução, disputa de poder e impulso entre vida e morte

Fotos de Bob Sousa

Quando escreveu esta peça, o autor convidou Francisco Medeiros para uma primeira leitura encenada. Em seguida, o texto foi publicado e depois de alguns anos ganhou o edital do Prêmio Zé Renato de apoio à produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo – 3ª edição – 2015. Os Dois e Aquele Muro estreia dia 13 de junho no Espaço dos Fofos. Em cena, os atores Plínio Soares e Luciano Gatti.

No espetáculo dois homens – Lucio e Jonas – marcam um encontro virtualmente e se veem pela primeira vez em um pub. Depois de alguns drinks e conversa, dirigem-se à casa de Lúcio onde o jogo de sedução e poder começa a ficar mais radical. Dois homens solitários, dois universos tristes em busca de algo se jogam em uma noite de caça.

Francisco Medeiros enxerga o texto como uma profunda disputa entre dois homens, uma guerra onde a sedução é a maior arma.  O diretor tem mais de 130 encenações de Teatro, Dança e Ópera em 44 anos de carreira, recebeu 40 prêmios, como Molière, Mambembe, Inacen, APCA, Apetesp, Governador do Estado, Coca-Cola Femsa, Panamco, o Prêmio Internacional Angel Award, além de 12 indicações para o Prêmio Shell.

Em Os Dois e Aquele Muro Medeiros optou por uma linguagem não realista em que a escritura cênica se organiza partindo de uma relação de paralelismo entre ações verbais e ações físicas. O percurso descrito pela obra se inicia num espaço público e se transfere para um espaço privado, que por sua vez vai ganhando uma dimensão íntima crescente.

Para o diretor “o encontro entre duas pessoas no mundo de hoje ocorre com muita frequência no território da disputa de poder. É cada vez mais comum vermos que nós, da espécie humana, buscamos o sentido do encontro na necessidade de submeter, subjugar, vencer: uma guerra, um jogo implacável, em que há quase sempre só duas opções: viver ou morrer, ganhar ou perder”.

“E isto parece hoje ser elemento constitutivo da vida do homem em sociedade. Assim também ocorre com Lucio e Jonas, personagens criados por Ed Anderson.

Um dos aspectos mais interessantes da peça é que, à medida que o encontro se desenrola, os dois não só veem diante de si o muro que os separa e ao mesmo tempo os convida a um confronto, como também experimentam um momento propício para que se revelem diante de si próprios e do outro”.

Os Dois e Aquele Muro mescla de maneira intrigante drama, comédia, suspense, numa sucessão não linear de cenas breves e de variadas pulsações. Imersos na incessante luta pelo poder, nem por isso os dois deixam de experimentar o sabor do afeto, da solidariedade, da ferina ironia, do respeito pelas diferenças, mesmo vivendo as dificuldades ou mesmo as impossibilidades de degustar estas dimensões que também fazem parte da aventura de estar vivo.

Sobre o percurso do texto e do projeto, o autor Ed Anderson relata: ”Os primeiros rascunhos deste texto surgiram nos idos de 2001, portanto há quinze anos, e lá se vai uma paciente primavera. Dizem que o tempo é sábio. Agora ele debuta em cena trazendo uma história de bem mais que quinze parcerias. E quem comanda a valsa não poderia deixar de ser Chico Medeiros – artista inquieto presente em boa parte da história do teatro paulista. Apesar do tempo corrido, fico impressionado com a atualidade da escrita, afinal, nas últimas estações, não foram poucos os “muros” erguidos ao diálogo e raros os demolidos. Espero que através desta encenação cada um saiba lidar com os seus tijolos”.

A iluminação de Domingos Quintiliano sugere a passagem da atmosfera lunar, cheia de sombras, reflexos e transparências, típicas da noite e do universo das aparências, para a emergência de um clima solar, luminoso que nos desperta para o mundo das evidências.

De uma certa maneira esta é também a opção do cenário de Heron Medeiros, um espaço versátil, móvel, e de grande agilidade que se modifica a partir da ação dos personagens: um mundo que ganha configurações e texturas específicas pela ação do homem e, paralelamente um espaço modular, que procura ser um parceiro provocativo e eloquente no jogo entre os dois atores.

A assistência de direção e a trilha sonora são de Aline Meyer, os figurinos são assinados por Marichilene Artisevskis e a preparação corporal dos atores é de Bruna Longo.

Ficha Técnica:
Texto: Ed Anderson.
Direção: Francisco Medeiros.
Elenco: Luciano Gatti e Plínio Soares.
Assistência de direção e trilha sonora: Aline Meyer.
Cenografia: Heron Medeiros.
Figurinos: Marichilene Artisevskis.
Iluminação: Domingos Quintiliano.
Preparação corporal: Bruna Longo.
Direção de produção: Maurício Inafre.
Produção executiva: Ana Elisa Mattos.
Assistência de Produção: Murilo Carvalho.

Serviço:
Estreia: 13 de junho
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos
Espaço dos Fofos – Rua Adoniran Barbosa, 151, Bela Vista – SP – CEP: 01318-020. Fone: (11) 3101.6640
Capacidade: 80 lugares.
Ingressos: R$ 30,00 / R$ 15,00.
Cartões: aceita todos os cartões.
Meia entrada: para estudantes, professores da rede pública, maiores de 60 anos e classe teatral.
Grátis para professores e alunos da rede municipal de ensino.
Acessibilidade.
Temporada: segundas, terças e quartas às 21h
Até 3 de agosto