UMA ESPÉCIE DE ALASCA

IMG_0562

 

Uma Espécie de Alasca, o único texto do nobel Harold Pinter inspirado na obra de outro autor (Oliver Sacks), estreia 09 de junho no Festival Cultura Inglesa

Yara de Novaes, recém premiada por Contrações, vive personagem que dormiu por 29 anos quando foi cuidada por sua irmã, Miriam Rinaldi (teatro vertigem) e pelo cunhado vivido por Jorge Emil sob direção de Gabriel Fontes Paiva

Em coma há 29 anos após contrair a doença do sono (encefalite letárgica), Débora acorda com a mente de 16 anos de idade. Sua irmã Paulinha e seu cunhado, o médico dedicado Hornby, cuidaram dela ao longo de todo esse tempo. A inspiração do inglês Harold Pinter para a peça veio da leitura do livro “Tempo de Despertar”, do renomado neurologista Oliver Sacks, o qual apresenta casos de pessoas suspensas por décadas da vida, de repente de volta ao mundo em função de testes com um novo tipo de medicamento, descoberto na década de 1960. Pinter compreendeu aqueles pacientes até mais do que seus próprios médicos, segundo eles próprios observaram depois de assistir a primeira montagem do texto. “Por motivos explicados apenas pela espiritualidade ou sensibilidade de um gênio, o dramaturgo não precisou conversar com Sacks, nem visitar o hospital onde os doentes ficavam para entender a fundo sua alma. Isso mostra como o teatro pode mergulhar no inconsciente, resgatando de lá, sem juízo de valor, nossa mais sincera humanidade.” – Comenta o diretor Gabriel Fontes Paiva que assina também a adaptação. “O que me capturou nesse texto foi o quanto ele é profundo para tratar questões existenciais utilizando como ponto de partida um caso real.”

Oliver Sacks anunciou em fevereiro de 2015, em um artigo no New York Times, que em breve nos deixará por conta de um estágio avançado de câncer. Ele surpreende de ao invés de se lamentar ou relembrar com nostalgia sua genial trajetória, dizer que se sente agradecido pela oportunidade de se despedir da vida. “Nos últimos dias, tenho sido capaz de ver a minha vida a partir de uma grande altitude, como uma espécie de paisagem.” entendimento raro da existência foi conquistado por uma vida dedicada ao estudo neurológico do ser humano. Sacks que conseguiu sem precedentes transformar casos médicos em best sellers por meio de um talento nato para escrita trouxe notoriedade a questões prioritariamente de interesse médico. “Despertando”, sua obra que apresenta pessoas que ficaram por décadas suspensas da vida e retornaram após a descoberta de um medicamento, permitiu um novo e profundo olhar sobre as questões existenciais. Isto ocorreu em tamanha proporção que gerou dramaturgo agraciado pelo Nobel a vontade de escrever uma peça inspirada em outra obra. “Um dia acordei com a sensação estranha de estar em um lugar e tempo distintos lembrei do livro do Oliver Sacks que tinha lido a quase uma década e escrevi “Uma Espécie de Alasca”.

Um ambiente para um coletivo
Outra coisa que chama a atenção dessa montagem é a reunião inusitada de grandes artistas. Alguns experimentando novas funções, outros pela primeira vez no teatro. O que não é o caso dos três atores. Veteranos, reconhecidos e premiados terão o desafio de interpretar personagens complexos como alguém que dormiu por 30 anos, um médico que dedicou a vida inteira para descobrir a cura de uma doença e uma mulher que abriu mão da própria vida para cuidar da irmã. “Yara, Miriam e Jorge são artistas genuínos que gostam de se aventurar em territórios ainda não explorados porque sabem que é no risco que podemos avançar mais.” Comenta o diretor. Luiz Duva um dos principais representantes brasileiros de vídeoarte performance e novas mídias será responsável pela concepção de vídeo da peça. Luisa Maita um dos nomes mais encençados da nova MBP, teve sua primeira inserção em trilha sonora no tão comentado filme “Boyhood”. Maita possui grande reconhecimento nos EUA e com direito a apresentações esgotadas no Lincon Center de nova York e primeiro lugar de vendas no iTunes por semanas nesse mesmo país. Quem assina com ela a trilha é outro músico também reconhecido internacionalmente e que recebeu prêmio de melhor trilha sonora em Gramado, Jam da Silva. A troca de papéis fica por conta de Débora Falabella que fará o figurino do espetáculo. “São Pessoas que tenho muita afinidade artística e que trabalho há anos em projetos de música. A Débora, por exemplo, sempre contribuiu muito em figurinos com o Grupo 3, (companhia de Gabriel, Yara e Débora), era a hora de assinar um sozinha.” Comenta Gabriel. O teatro tem a vocação do diálogo com outras linguagens e o Festival Cultura Inglesa tem a vocação para a experimentação, talvez por isso tantos espetáculos bons tenha surgido deste Festival.

Sobre Gabriel Fontes Paiva (diretor)
Concebe e dirige espetáculos musicais como a série “Na Mira da Música Brasileira”. Atua como curador, pesquisador e editor em projetos culturais de caráter documental, histórico e pedagógico como as mostras “Murilo Rubião – O Reescritor Fantástico” e “Mostra Contemporânea de Arte Mineira” e a publicação “O Continente Negro”. Idealizou e realizou mais de 50 projetos culturais de destaque fundamentados em pesquisas e experimentações cênicas e construídos coletivamente com alguns dos principais artistas do teatro e da música da atualidade no Brasil. Possui seu escritório de produção cultural desde 2001, a Fontes Realizações Artísticas. É diretor artístico da companhia teatral que fundou em 2005 juntamente com Yara de Novaes e Débora Falabella, o Grupo 3 de Teatro. Desde 2004, concebe e realiza os concertos do “Projeto Memória Brasileira”, ao lado de Myriam Taubkin.

Sobre Yara de Novaes (atriz)
Atriz, diretora e professora de teatro fundou em 2005 o Grupo 3 de Teatro, onde alterna seus trabalhos de atriz e diretora. Dirigiu como convidada 17 espetáculos nos últimos 12 anos entre eles Tio Vania do Grupo Galpão e Caminho para Meca, com Cleyde Yaconis. Atualmente excursiona com o espetáculo Contrações pelo qual recebeu o prêmio APCA de melhor atriz em 20013 e leciona a disciplina Teatro na Fundação Armando Alvares Penteado.

Sobre Miriam Rinaldi (atriz)
Atriz, professor e pesquisadora. Coordena o Núcleo Experimental de Artes Cênicas do SESI. Pertenceu ao grupo Teatro da Vertigem de 1996 a 2008 tendo participado da criação e montagem dos seguintes espetáculos, entre outros: O Livro de Jó e O Paraíso Perdido. Como atriz participou da criação e montagem do espetáculo !Salta! com o Coletivo Dodecafônico. Ingressou no Doutorado em 2012 sob orientação do Professor Jacó Guinsburg.

Sobre Jorge Emil (ator)
Formado pelo Teatro Universitário da UFMG (1990), trabalhou em mais de 30 espetáculos. Foi dirigido por Gabriel Villela em Gota d’água e Calígula. Na Sutil Companhia de Teatro, de Felipe Hirsch, atuou em Educação sentimental do vampiro, Não sobre o amor, Avenida Dropsie e Temporada de gripe. Em 2014 esteve em Puzzle (a), espetáculo de Felipe Hirsch, e em Abra a janela antes de começar, texto de Silvia Gomez inspirado em A metamorfose, de Franz Kafka, dirigido por Fabio Mazzoni.

Sobre Débora Falabella (figurino)
Filha do ator e diretor de teatro Rogério Falabella, Débora Falabella descobriu desde cedo a vocação para atuar e aos 12 anos já participava de peças de teatro amador na Belo Horizonte natal. Quando se mudou mais tarde para o Rio de Janeiro ficou conhecida do grande público por atuações arrebatadoras em novelas como O Clone (2001) e Avenida Brasil (2012), ambas da Rede Globo. No cinema Débora pode ser vista no curta metragem Françoise (2000), de Rafael Conde, trabalho que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Gramado e no Festival de Brasília, e também em longas como Dois perdidos numa noite suja (2002), de José Joffily, prêmio de melhor atriz no Festival de Brasília; Lisbela e o prisioneiro (2003), de Guel Arraes; A dona da história (2004), de Daniel Filho; Cazuza – O tempo não para (2004), de Sandra Werneck e Walter Carvalho. Apesar da vitoriosa trajetória na TV e no cinema, Débora nunca abandonou os palcos. Nos últimos dez anos participou de quatro espetáculos teatrais de grande sucesso: Noites Brancas(2004), quando venceu os prêmios de melhor atriz do Troféu USIMINAS/SINPARC e do Prêmio SATED-MG, A Serpente (2005), O Continente Negro (2007) e O amor e outros estranhos rumores (2010). Agora, prepara-se para estrelar Contrações, novo espetáculo do Grupo 3 de Teatro.

Sobre Luis Duva (vídeo)
Luiz Duva (a.k.a. luiz duVa) é um artista experimental no campo da videoarte, performance e novas mídias que desenvolve desde o início dos anos 90 narrativas pessoais em vídeo, bem como uma série de experiências com video-instalações. Do ano de 2000 para cá vem se dedicando ao live images, termo por ele cunhado para designar a manipulação de imagens e sons em tempo real em ambientes imersivos, à criação e apresentação de composições audiovisuais, a projetos de live cinema, vjing e ao desenvolvimento de conteúdo para diferentes mídias: TV, internet e celular.

Sobre Luisa Maita (Trilha Sonora)
Filha do músico e compositor Amado Maita e da produtora cultural Myriam Taubkin, Luisa teve contato direto o meio musical desde a infância.
Mostrou sua capacidade de composição tendo músicas gravadas por Virgínia Rosa, Mariana Aydar (“Beleza” eleita pela revista Rolling Stone uma das melhores músicas de 2009) e participado dos álbuns de Rodrigo Campos e Carlos Núñes. Luísa Maita também trabalhou com grandes produtores no Brasil como Antonio Pinto, Beto Villares e Bid. Teve destaque como cantora nos vídeos da campanha para olimpíadas Rio 2016 dirigidos por Fernando Meirelles.
Em 2010, Luísa apresenta “Lero-Lero”, seu álbum de estreia lançado no Brasil pelo selo Oi Música e no mundo todo pela Cumbancha/Putumayo.
Após o lançamento nos EUA, o programa “All Things Considered” da NPR disse que Luísa é a “Nova Voz do Brasil” e salientou que “se continuar fazendo discos como este, pode muito bem estar no caminho para o estrelato internacional”. Logo em seguida a cantora embarca para sua primeira turnê pelos EUA e Canadá recebendo ótimas críticas do The New York Times,1 The Washington Post2 e Boston Globe.3
No mesmo período, Luísa estreou na Europa passando por importantes festivais de verão. Em agosto de 2011, a cantora retornou à América do Norte realizando 30 shows em 26 cidades.

 

Sobre Jam da Silva (trilha Sonora)
Músico, compositor e produtor musical, natural de Recife (PE).
Com uma carreira de projeção no Brasil e no exterior, Jam tem abordagem inovadora em suas produções, sempre sensível aos sons cotidianos das ruas, onde incorpora essa biblioteca sonora em suas músicas, usando tais ambientações dos lugares por onde passa.
A faixa-título do seu álbum de estreia,”Dia Santo”, com os vocais de Isaar, chamou atenção do Dj franco-suíço Gilles Peterson, que incluiu a canção na sua coletânea anual Bubblers Four Brownswood e o álbum entrou na lista da premiação “All Winners 09”, como o disco mais tocado entre as melhores musicas lançadas na Rádio 1, da BBC de Londres.
Jam colaborou com uma série de artistas internacionais e brasileiros, ao vivo e em estúdios, como os franceses Massilia Sound System, Moussu T et les jovents, Troublemakers, Camille e Sebastien Martel, o malinês Toumani Diabaté, os angolanos Wysa e Paulo Flores, e fez parte da bandas F.UR.T.O. e Orquestra Santa Massa.
No cinema, participou da criação das trilhas dos filmes: “Um outro Ensaio” (prêmio no Festival de Gramado para melhor trilha sonora), “Os Narradores de Javé”, “Fábio Fabuloso”, “O Rap do Pequeno Príncipe”, “Só 10 Por cento é Mentira”, e dos longas americanos “Express Way”, “To Hi Too Holla” (Danny Cabeza).
Teve suas músicas gravadas pelas cantoras Roberta Sá (O Pedido), Elba Ramalho (Gaiola da Saudade), e parcerias com Kátia B (O Baile), Marisa Monte e Marcelo Yuka (Desterro).

 
Ficha técnica
Autor: Harold Pinter
Direção: Gabriel Fontes Paiva
Elenco: Yara de Novaes, Miriam Rinaldi e Jorge Emil
Concepção Audiovisual : Luiz Duva
Musicas e Arranjos: Luisa Maita e Jam Da Silva
Iluminação: Andre Prado e Gabriel Fontes Paiva
Figurino: Débora Falabella e Marina Aretz
Cenotécnico: Tadeu Tosta
Operador de som: Thiago Rocha
Aulas de Foxtrot: Magoo Grande
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Planejamento de Projeto: Luana Gorayeb
Direção de produção: Marlene Salgado
Produtores Associados: Marlene Salgado e Gabriel Paiva
Realização: Fontes Realizações Artísticas
Uma Espécie de Alasca foi inspirada em “Despertando” de Oliver Sacks, que teve sua primeira publicação em 1973 por Gerald Duckworth e Cia.

Serviço
Teatro Cultura Inglesa – Rua Deputado Lacerda Franco, 333 – Pìnheiros
Dias 9 e 10 de junho às 21h
Gratuito – Retirada de ingresso na bilheteria com 1h de antecedencia