PANDAS, ou era uma vez em Frankfurt
Experiência teatral online Pandas, ou era uma vez em Frankfurt tem temporada prorrogada no Zoom até o dia 5 de julho
Inspirada na obra de Matéi Visniec, o experimento teatral online que funciona com o microfone do público aberto, foi concebido durante a quarentena e fez um mês de temporada com ingressos rapidamente esgotados. Entendendo o interesse do público em discutir novas formas de fazer arte em meio à crise, equipe prorroga temporada por mais um mês
A equipe de criação prefere não chamar de teatro. Com vasta experiência nos palcos, Mauro Schames e Nicole Cordery (elenco) e Bruno Kott (direção e dramaturgismo) se organizaram para estrear um trabalho na plataforma Zoom, que é mais do que uma leitura. Pandas, ou era uma vez em Frankfurt é uma experiência teatral online ao vivo, que foi concebida durante e para a quarentena da Covid-19 com os artistas envolvidos isolados em suas casas e lança agora a segunda temporada: até dia 5 de julho, às sextas, sábados e domingos às 20h.
A experiência é uma adaptação do texto teatral História do Urso Panda (contada por um saxofonista que tem uma namorada em Frankfurt), do dramaturgo romeno Matéi Visnic. Na primeira temporada, a equipe foi surpreendida por um público de todo o Brasil e percebeu que isso também é uma riqueza que a troca online possibilita.
“Está sendo uma aventura doida, mas, acima de tudo, estimulante”, conta a atriz Nicole Cordery, que foi apresentada ao texto pelo Mauro Schames, que teve a ideia de fazer esse projeto para o Edital do Itaú Cultural. Juntos, fazendo a leitura do texto pelo aplicativo Zoom, decidiram que precisavam de um diretor. É aí que entra Bruno Kott, por indicação do Mauro – Nicole e Bruno, por exemplo, não se conhecem ao vivo até hoje.
Bruno Kott chegou com uma proposta de diminuir o texto (a apresentação tem 40 minutos de duração) e trouxe conhecimentos tecnológicos e uma proposta estética para a história. “Mergulhamos profundamente em ensaios diários. Tínhamos menos de uma semana para produzir uma filmagem deste texto, que não fosse uma leitura. Falei com o autor Matéi Visniec por e-mail, que respondeu prontamente e nos mandou uma carta dizendo estar de acordo com a nossa experiência”, conta Nicole.
Ensaios longos diários, estudo de texto, pesquisa de linguagem, crises dos atores, medo da capacidade de se adequar a tantas mudanças. “Como manter a teatralidade inerente ao texto estando a um palmo de uma câmera?”, fala Nicole sobre suas aflições durante processo.
Sobre a direção, por Bruno Kott
O texto original de Matei Visniec fala sobre a relação de um homem com a morte (simbolicamente expressada pela mulher). Este projeto começou neste contexto estranho onde o medo e a insegurança sobre o futuro se instauraram. Entendo esses dois sentimentos como pequenas mortes, principalmente sobre o falso controle do futuro.
Como contrapartida, o próprio autor sugere um ambiente cômico, que inclusive permeou toda a minha adaptação do texto e fica visível na estética dos cenários, figurino e sonoplastia (onde temos o prazer de utilizar um trecho do filme “O bandido da luz vermelha” de Rogerio Sganzerla de 1968, em que indica que terceiro mundo vai explodir!).
Penso que o humor é um caminho para a reflexão de temas existenciais; uma porta especial afetuosa. Optamos por imagens nonsense, que quebrassem o código do realismo, que servissem como gatilho para um entendimento menos racional, e mesmo com atores atuando num fundo infinito para a câmera do notebook, não trouxessem uma atmosfera cinematográfica, mas sim, teatral. O que me guiou para essa narrativa tanto dramatúrgica quanto estética, foi a teoria do multiverso, que explora realidades paralelas como uma opção de existência.
O online é uma realidade paralela. Ele já é uma forma de vida única, com símbolos próprios. Na experiência teatral online, exploramos esses símbolos através de stories, referências pop, mesclado com textos autorais sobre essa sensação latente de solidão dos tempos atuais. A arte tem um poder forte de subversão. Ao ocupar uma ferramenta de reunião on-line para fazer teatro, sinto que estamos pensando em novas possibilidades de resistência. Uma comédia para sorrir de si. O ponto de identificação é o vazio, e o vazio pode ser o espaço para o novo.
E, agora, com vocês: Pandas, ou era uma vez em Frankfurt
O projeto não ganhou o edital do Itaú Cultural. Tarde demais. Mauro, Nicole e Bruno já estavam tão envolvidos com essa experiência que não cogitaram não apresentá-la. Decidiram fazer a primeira temporada: ingressos esgotados em todas as sessões e um interesse muito grande da plateia em continuar na plataforma após a apresentação para conversar com os criativos sobre este caminho que estão seguindo.
Agora, Pandas ou era uma vez em Frankfurt prorroga a temporada, sentindo que essa discussão sobre fazer arte em tempos de pandemia é muito forte e necessária.
Para assistir, é necessário fazer o download do aplicativo Zoom (a equipe indica que seja no computador, mas no celular também funciona) e comprar o ingresso no www.sympla.com.br/pandas, fazer o login e comprar seu ingresso. No dia da apresentação, o link ficará disponível no site e te direciona automaticamente para a plataforma Zoom. É necessário entrar na sala 15 minutos antes para ser recebido pelo diretor na sala com as recomendações.
Os microfones do público ficam ligados – assim é possível acompanhar a reação da plateia. Enquanto isso, Mauro e Nicole estão, cada um em sua casa, fazendo alongamento, aquecimento, limpeza vocal e maquiagem. Toca o terceiro sinal, todos com os celulares desligados em um lugar silencioso e a experiência teatral se (re)inicia.
Ficha técnica
Texto: Matéi Visniec
Direção e dramaturgismo: Bruno Kott
Elenco: Mauro Schames e Nicole Cordery
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Serviço
Até dia 6 de junho
Sextas e sábados às 20h
De 12 de junho a 5 de julho
Sextas, sábados e domingos às 20h
Na Plataforma Zoom
Ingressos: R$ 20
Via Sympla: http://www.sympla.com.br/pandas
(Para assistir à experiência, é necessário baixar o aplicativo Zoom no seu computador. Depois, é só reservar o seu ingresso pelo Sympla e seguir as instruções).
Duração: 40 minutos
Classificação indicativa: 14 anos