A UM PASSO DA AURORA

A Um Passo da Aurora faz cinco apresentações gratuitas no Espaço Cia. da Revista

Espetáculo com Mariana Muniz e Regina Vaz é inspirado nos trabalhos e partituras gráficas do saudoso músico e maestro Guilherme Vaz (1948-2018) e fica em cartaz de 28 de novembro a 2 de dezembro 

Uma imagem contendo pessoa, parede, interior, vestindo

Descrição gerada automaticamente

Fotos de Cláudio Gimenez

 “A tempestade é a inspiração no seu grau de máxima Força, Grandeza e Beleza. 

Quando você vai criar alguma coisa, isso é um retrato seu como pessoa”.

(Vaz, Guilherme. Arte Sonora: podcast #01)

Com 19 anos de trajetória, a Cia. Mariana Muniz de Teatro e Dança mergulha na poética do músico, maestro e múltiplo artista Guilherme Vaz (1948-2018) com A Um Passo da Aurora, das intérpretes-criadoras Mariana Muniz e Regina Vaz.

O espetáculo de dança contemporânea tem novas apresentações no Espaço Cia da Revista, dias 28, 29 e 30 de novembro e 01 e 02 de dezembro.

Ao longo de sua trajetória, a companhia vem desenvolvendo trabalhos voltados para a pesquisa das relações entre palavra e movimento, poesia/arte e dança. O grupo realizou trabalhos solos de teatro-dança, nos quais a poesia de artistas como Florbela Espanca – Dantea, Ferreira Gullar – Túfuns, Arnaldo Antunes – Rimas no Corpo, Fernando Pessoa – Fados e outros Afins, dentre outros, serviram de referência para o exercício de múltiplas qualidades de trânsito entre a palavra e o movimento e, cuja excelência, atesta os muitos prêmios recebidos.

Depois de uma bem-sucedida imersão no universo dos Fados, com “Fados e outros Afins”, último trabalho da companhia, a Cia. Mariana Muniz de Teatro e Dança dá continuidade ao processo de investigação das relações entre pensamento, corpo e gestos, em dança-teatro. O espetáculo foi contemplado pelo 25º Edital de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo.

Mariana Muniz, que assina a direção do trabalho, e Regina Vaz – irmã do artista Guilherme Vaz, e responsável pela dramaturgia de “A Um Passo da Aurora”-, se reencontram, em cena, depois de terem trabalhado juntas, no Grupo Coringa (1977-1985), durante dez anos, sob a direção da coreógrafa uruguaia, Graciela Figueroa.

“Com esse trabalho damos continuidade às nossas pesquisas e criações em dança contemporânea, e prestamos uma justa homenagem ao múltiplo artista Guilherme Vaz”, afirma Mariana Muniz.

Guilherme Vaz, nascido em Araguari, Minas Gerias, durante vinte anos, dedicou-se a investigar as raízes culturais do povo brasileiro. Viveu entre os sertanejos do Centro-Oeste e os indígenas do Norte do nosso país, o que lhe permitiu a criação de uma obra singular, inventiva e profundamente brasileira.

Pioneiro da arte conceitual carioca e criador da Unidade Experimental do MAM-RJ- junto com Cildo Meireles, Luiz Alphonsus e o crítico Frederico de Morais. Foi um dos responsáveis pela introdução da música concreta no cinema nacional. Compôs trilhas para filmes de Nelson Pereira dos Santos e Júlio Bressane, dentre outros.  Guilherme faleceu em 26 de abril de 2018, aos 70 anos, deixando um legado imensurável para a música brasileira.

Assim como nos trabalhos anteriores, em “A Um passo da Aurora” a ação cênica (com base na pesquisa das relações entre corpo, voz, música e sentidos simbólicos das linguagens da dança, do teatro e da música) nos conduz a uma ideia de dramaturgia ampliada. Dramaturgia como uma teia que engloba as ações físicas dos bailarinos (como o texto, a música se torna corpo em movimento), suas ações vocais (musicalidade no texto e com o texto), cenografia, iluminação, figurinos e a relação entre eles, os artistas, e todos os componentes da cena, inclusive o uso de recursos multimídia.

Para Mariana Muniz, na criação e composição do espetáculo o compromisso com o hibridismo de linguagens artísticas está a serviço da exploração dos limites das conexões entre questões cênicas, coreográficas e dramatúrgicas, visuais e performáticas. “Pensar as artes cênicas nestas intersecções nos permite lançar mão da potência expressiva do gesto com um olhar diferenciado e sempre renovado”, explica.

O processo de criação de imagens visuais se corporifica através da escuta dos corpos, em contato com a sensação da “música corporal” e do imaginário do compositor Guilherme Vaz. Em algumas passagens do trabalho fica evidenciada a inspiração gestual nos trabalhos coreográficos de Nijinsky e Pina Baush para “A Sagração da Primavera” de Igor Stravisnky.

No movimento de exploração das sonoridades e conceitos que norteiam a obra de Guilherme Vaz, assume importância o gosto por determinadas passagens e composições musicais, certos timbres dos instrumentos, que acompanham a melodia, repetições e as ideias plásticas e cenográficas do artista. É o caso das composições “La Virgen” e “Fronteira Ocidental” que integram a trilha sonora sob a responsabilidade do maestro Lívio Tragtenberg, que já regeu algumas obras do compositor.

“Nós nos posicionamos na direção de um resgate das raízes do pensamento sobre a brasilidade no fazer artístico, pois Guilherme Vaz participou ativamente de um dos períodos mais fortes da crítica de arte no Brasil: os anos neoconcretos. Ele pensava a própria obra e o mundo, discutindo e participando dos problemas da arte brasileira, rebelando-se contra a estagnação cultural dos anos 60 e propondo uma renovação de toda expressão artística no país, apontando-lhe possibilidades universais”, acrescenta Mariana Muniz.

“Uma das questões que me incomoda no construtivismo brasileiro é que tudo acontece distante da geometria indígena, distante dos sertões”, dizia Guilherme Vaz.

O projeto “A Um Passo da Aurora” contou com um programa educativo, com ações direcionadas à formação de público e à mediação do conteúdo do projeto. Foram realizadas oficinas contínuas de estudo de movimento com Mariana Muniz, além de workshops livres de criação musical para partituras gráficas (ministrada por Lívio Tragtenberg – maestro de renome no cenário cultural brasileiro e internacional, regente de duas obras de Guilherme Vaz, no final de 2017) e Eutonia com Cláudio Gimenez.

Realizaremos um bate-papo com o público, após cada uma das apresentações, a fim de, através do diálogo, falar sobre o processo de criação do trabalho apresentado e escutar as impressões dos espectadores.

SOBRE A CIA MARIANA MUNIZ DE TEATRO E DANÇA

A Cia. Mariana Muniz de Teatro e Dança foi criada no ano 2000. Desde então vem desenvolvendo trabalhos voltados para a pesquisa das relações entre palavra e movimento, e as conexões expressivas entre poesia e dança. Ao longo de sua trajetória, realizou trabalhos de teatro-dança, onde a poesia de artistas como Florbela Espanca – Dantea-, Ferreira Gullar – Túfuns – e Arnaldo Antunes – Rimas no Corpo- serviram de referência para o exercício de múltiplas qualidades de trânsito entre a palavra e o movimento e, cuja excelência, atesta os muitos prêmios recebidos.

A partir de 2007, com o incentivo da 2ª Edital de Fomento à Dança da SMC da cidade de São Paulo, a Companhia ampliou sua equipe de trabalho e deu início a um processo de investigação das redes de articulação entre artes plásticas e dança contemporânea, com referência no artista plástico brasileiro Hélio Oiticica. Deste mergulho no universo plástico nasceram três projetos-Parangolés, Nucleares e Penetráveis.

Em 2009, com apoio do 5º Edital de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo, realizamos Nucleares, ancorados pela ideia de “Experimentar o experimental”, a Cia. Mariana Muniz continua sua trajetória de pesquisa cênica, comprometida com o hibridismo de linguagens na arte, propondo-se aprofundar a exploração dos limites entre questões cênicas, coreográficas, dramatúrgicas, visuais e performáticas.

Em Nucleares (2008/09) e Parangolés (2007/08), mais do que a criação de um produto cênico – com referência no trabalho do artista plástico brasileiro, Hélio Oiticica –, onde se interessa pela discussão das diferentes “tonalidades”, as corporeidades que podem surgir de uma liberdade de investigação que está na própria gênese da obra do artista carioca.

A companhia, nas incursões em trabalhos solos, realiza “Speranza! Dona Esperança!” com direção de José Possi Neto e estreia em 2009. Em 2010, estreia Po-éticas; uma releitura de três projetos de dança e teatro: Dantea, Túfuns e Rimas no Corpo, solos realizados por Mariana Muniz.

Em 2011, estreia de Penetráveis (2010/2011), apoio do 11º Edital de Fomento à Dança, com temporada na Galeria Vermelho e apresentação no Festival Sansacroma.

Em 2012, circula com o Projeto “Trilogia Hélio Oiticica” pela cidade de São Paulo e recebe apoio do ProAC para criação de GESTOS e o suporte da FUNARTE para realização do projeto In-Corpo-R-Ações.

Em 2013/14, circula com GESTOS e In-Corpo-R-Ações pela cidade de São Paulo com o apoio do 14º Edital de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo.

Em 2014/2015 recebe o apoio do ProAC de produções inéditas e temporada para criação e apresentação do solo D’Existir.

Em 2015/2016 é contemplada com o XVIII Edital do Fomento à Dança da Cidade de São Paulo para realizar o projeto TRAJETÓRIA(S), que recebe é premiado na categoria Difusão da Dança pelo PRÊMIO DENILTO GOMES DE DANÇA 2015 da Cooperativa Paulista de Teatro.

Em 2016/2017 é contemplada com o XXI Edital do Fomento à Dança da Cidade de São Paulo para realizar o projeto Estudos sobre Fados e Afins, que resultou no solo de dança Fados e Outros Afins, sendo indicado ao Prêmio Governador do Estado de São Paulo 2018, Prêmio APCA e Prêmio Bravo.

Em 2018 após apresentação no Sesc Palladium (Belo Horizonte), o espetáculo Fados e Outros Afins é contemplado pelo ProAC 05 – Circulação.

Site: www.marianamuniz.com.br

SOBRE MARIANA MUNIZ 

Atriz, bailarina e coreógrafa, Mariana Muniz nasceu em Pernambuco, onde começou seus estudos de dança clássica, e formou-se no Rio de Janeiro pela Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal. Em 1974 encontrou-se com Klauss e Angel Vianna, com quem trabalhou, e, desde então, dedica-se a investigações de linguagem na dança contemporânea e no teatro. Estudou em Nova York e estagiou na Cia. de Maguy Marin. Ganhou vários prêmios por suas atuações e projetos como intérprete e coreógrafa em dança e teatro: Indicada aos prêmios: APCA 2018, Governador do Estado 2018 e Bravo 2018, pelo solo Fados e Outros Afins; Ganhou os prêmios Denilto Gomes- 2015; (4) APCA); APCA de melhor intérprete em dança em “Dantea” (2000); APCA de melhor autora – intérprete em dança em “Paidiá” (1989); APCA de revelação como coreógrafa em “Corpo de Baile” (1988); (3) APETESP – APETESP de melhor coreografia em “Pássaro do Poente” (1987); APCA de melhor intérprete em “Blas-Fêmeas” (1987); APETESP de melhor coreografia em “O Corpo Estrangeiro” (1986).e Mambembe de melhor atriz coadjuvante; indicada ao prêmio Shell de melhor atriz, 2009. Mariana Muniz participou, em 2017, com o grupo Tapa, do festival Que Absurdo!, quando atuou nas peças: As Criadas e A Cantora Careca. Em 2019, fez parte do elenco de “O Jardim das Cerejeiras”, sob a direção de Eduardo Tolentino de Araújo.

Atualmente, tem participado de produções teatrais, junto ao Grupo Tapa, e também dá continuidade ao seu fazer artístico participando como diretora e intérprete de espetáculos teatrais e criando os seus próprios espetáculos junto com a sua companhia- Cia Mariana Muniz de Teatro e Dança-, onde mistura, de maneira muito própria, o teatro com a dança, em parceria com o arquiteto Cláudio Gimenez. Além da atriz, bailarina e coreógrafa, Mariana Muniz é eutonista, formada em 2008 pelo IV Curso de Formação em Eutonia e ex – docente da Faculdade de Dança da Universidade Anhembi-Morumbi.

Sobre seu trabalho, Helena Katz, crítica de dança, escreveu: “Em cada uma de suas realizações, sempre ofereceu sínteses entre o que carregava no seu corpo de profissional de dança e as demandas específicas do fazer teatral.”

SOBRE REGINA VAZ 

Regina Vaz é bailarina e coreógrafa, nascida em Araguari, Minas Gerais, em 1953. Desde os seis anos de idade, estudou ballet em escolas de dança, quando começava a vida em Brasília, nos anos 60. Mudou-se para o Rio de Janeiro, nos anos 70. Estudou e foi assistente e professora do grupo de Suzana Braga, no Rio de Janeiro, em meados dos anos 70. Quando entrou em contato com Klauss e Angel Vianna, na escola de arte e educação, Regina atuou como professora e membro do grupo Teatro do Movimento. O grupo, com uma proposta de integração da expressão corporal com a dança e o teatro foi formado, inicialmente, por oito dançarinos do Centro de Pesquisa Corporal Arte e Educação3: Lúcia Correa, Mariana Muniz, Mariana Vidal, Patrícia Hungria, Paulo Guinot, Regina Vaz, Roberto Giovanetti e Silvia Caminada. A eles se somaram Débora Growald, Dolores Fernandes, Graciela Figueroa, Jean-Paul Raijzeman, Luciana Hugues e Michel Robin. Regina  participou do trabalho de pesquisa sobre o gestual do homem carioca. Espetáculos realizados: Mal-ária-Ba, direção de José Possi Neto Mal Ária Ba – interjeição napolitana que significa “tanto faz” ou “qualquer coisa serve” – é um trabalho teatral dançado, em que o autor lança a ideia de um percurso do leito da infância ao leito de morte povoado de fantasmas, angústias e opressões. “Luisa Porto” com coreografia de Lurdes Bastos, e “Construção”, coreografia de Angel Vianna, dentre outros. Regina integrou o grupo Coringa, sob a direção de Graciela Figueroa. O Grupo Teatro do Movimento encerrou suas atividades em 1980, todavia seu efeito multiplicador pode ser observado nas obras criadas por grupos como o Grupo Coringa (1977-1985), fundado e dirigido pela coreógrafa uruguaia Graciela Figueroa. Desde os anos 2000, Regina se dedica a dar aulas da técnica pilates, desenvolvendo um trabalho pessoal a partir desta técnica.

SINOPSE

Obra em dança contemporânea inspirada nos trabalhos e partituras gráficas do músico e maestro Guilherme Vaz (1948-2018). Um mergulho nas paisagens sonoras do multiartista; um convite à escuta dos maracás, do silêncio e do imaginário simbólico dos povos indígenas do Brasil. Na criação e composição de “A Um Passo da Aurora” o compromisso com o hibridismo de linguagens artísticas está a serviço da exploração dos limites das conexões entre questões cênicas, coreográficas e dramatúrgicas, visuais e performáticas.

“Se os ruídos não participam da linguagem, vamos continuar a fazer uma música de sala de visitas, porque o ruído é o quintal do mundo, o entorno, a floresta do mundo. Não é o som da escala temperada, criada por um código social, é o som em estado selvagem”. 

(Guilherme Vaz)

FICHA TÉCNICA

Direção geral: Mariana Muniz

Criadoras e Intérpretes: Mariana Muniz e Regina Vaz

Assistente de direção: Cláudio Gimenez

Trilha Sonora: Lívio Tragtenberg

Cenografia: David Schumaker

Dramaturgia: Regina Vaz

Figurinos e Iluminação: Kleber Montanheiro

Operação de luz: Fellipe Oliveira

Edição de Vídeos: Rafael Petri

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Designer Gráfico: Fábio Borges

Grupo de Estudos: Ana Mesquita, Ana Vitória Bella, Juliana Celentano e Raquel Franz

Apoio de Palco: Suzana Muniz

Assistente de Produção: Jota Rafaelli

Coordenação de Produção: MoviCena Produções

Agradecimentos: Guilherme Vaz (in memoriam) | Maria Lúcia Lee | Alberto Sebirop Gavião | Luciene e Filhos | Espaço Ghut | Joaquim Castro | Valdir Rivaben, Eliety Teixeira, Letícia Pinto e equipe da Oficina Cultural Oswald de Andrade | Sulla Andreato e equipe do Centro de Referência da Dança | Hugo Possolo | Cláudia Assef, Ingrid Soares e equipe da Galeria Olido | Talita Bretas | Igor Moura | Rita Tragtenberg | Graciela Figueiroa |

www.marianamuniz.com.br

SERVIÇO

Espaço Cia da Revista

Alameda Nothmann, 1135 – Santa Cecília

dias 28, 29, 30/11, 01 e 02/12 – quinta, sexta, sábado e segunda – 20h, domingo, 19h

Ingressos Gratuitos

Capacidade: 85 lugares