2XSHAW

Projeto 2XSHAW lembra os 70 anos da morte do dramaturgo Bernard Shaw com novas temporadas de A Profissão da Sra. Warren, com Clara Carvalho e A Milionária, com Chris Couto,  nos papéis-título

Espetáculos do Círculo de Atores, dirigidos respectivamente por Marco Antônio Pâmio e Thiago Ledier, cumprem temporada no Teatro Aliança Francesa, de 10 de agosto a 30 de setembro

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Descrição gerada com alta confiança

Fotos de Ronaldo Gutierrez

Amigas há 30 anos, as atrizes Clara Carvalho e Chris Couto, tendo estreado juntas em São Paulo no palco do Teatro Aliança Francesa voltam a ele para homenagear os 70 anos de morte do dramaturgo irlandês George Bernard Shaw (1856-1950), vencedor do Prêmio Nobel de Literatura e do Oscar. Idealizado por Rosalie Rahal Haddad, pesquisadora e autora de livros e artigos publicados no Brasil e no exterior sobre a obra de Bernard Shaw, o projeto 2XSHAW tem início com novas temporadas das premiadas peças A Profissão da Sra. Warren, dirigida por Marco Antônio Pâmio, com Clara Carvalho, Karen Coelho, Caetano O’Maihlan, Cláudio Curi, Mário Borges e Sergio Mastropasqua no elenco, e A Milionária, com direção de Thiago Ledier  e com Chris Couto, Cy Teixeira, Priscilla Olyva, Alexandre Meirelles, Caetano O’Maihlan, Guilherme Gorski, Luti Angelelli, Rodrigo Chueri e Sergio Mastropasqua no elenco.

O projeto conta ainda com a parceria entre a atriz Clara Carvalho e o Círculo de Atores, companhia formada por profissionais oriundos de diversos grupos de destaque na cena paulistana que, com o projeto 2XSHAW, inicia um ano de atividades em homenagem ao autor irlandês, com direito a traduções atualizadas de textos, uma temporada europeia em 2020 (Portugal), debates e ciclo de leituras, com a missão de difundir mais e mais a obra deste autor tão importante, mas pouco montado no Brasil.

Além de fazerem parte da homenagem dos 70 anos de Bernard Shaw e de terem como protagonistas duas atrizes da mesma geração e que começaram a carreira juntas, as duas peças contam com os atores Sergio Mastropasqua e Caetano O’ Maihlan no elenco.

A Profissão da Sra. Warren

Prêmios: Aplauso Brasil – votação popular (melhor atriz para Clara Carvalho e melhor figurino para Fábio Namatame)

Indicações: Aplauso Brasil (melhor iluminação para Caetano Vilela) e APCA (melhor atriz para Clara Carvalho)

A tragicomédia A Profissão da Sra. Warren, dirigida por Marco Antônio Pâmio, começa numa casa de campo em Surrey onde Vivie Warren, recém-formada na Universidade de Cambridge, reencontra sua mãe, a quem pouco conhece. A Sra. Warren enriquecera administrando uma rede internacional de bordéis, ao lado de seu sócio, Sir George Crofts, mas Vivie não sabe disto. A Sra. Warren planeja para a filha uma vida convencional, através de um bom casamento.  Cercada por um mundo dominado por figuras masculinas, personificadas pelo aristocrata Crofts, pelo artístico Praed, pelo embusteiro Frank Gardner e por seu pai, o pastor Frank Gardner, Vivie descobre que sua educação privilegiada e seu estilo de vida foram possibilitados pela profissão da sua mãe. Inicia-se assim, através do brilho cintilante dos diálogos de Shaw, um dos mais memoráveis embates da dramaturgia inglesa.

O que torna a Profissão da Sra. Warren tão fascinante é que o conflito entre mãe e filha não é estritamente uma questão de moralidade. Shaw usa a peça como uma forma de criticar um mundo que condenou mulheres como a Sra. Warren a uma vida de pobreza, trabalhos insalubres e morte prematura, deixando-as com poucas possibilidades de sobrevivência. Shaw analisa o lugar das mulheres na sociedade de uma forma que antecipa o movimento feminista do século XX.

Escrita entre 1893 e 1894, “A Profissão da Sra. Warren” foi proibida de ser encenada na Inglaterra e nos Estados Unidos no começo do Século 20. “A peça tem um caráter transgressor, com discussões muito à frente de seu tempo, principalmente no que tange ao papel da mulher na sociedade. Shaw nos fala do hoje tão discutido ‘empoderamento feminino’ quando esse tipo de debate era impensável na época. Ele nos fala de ‘uma nova mulher’: independente, ‘dona do seu nariz’, com opinião e personalidade próprias. Na época da peça, as mulheres sequer podiam votar”, comenta Pâmio.

A Milionária

Prêmios: Shell (melhor atriz para Chris Couto)

Indicações: Prêmio do Humor (melhor comédia e melhor atriz para Chris Couto)

Com direção de Thiago Ledier, A Milionária começa com Epifânia, uma das mulheres mais ricas da Europa, reunindo-se com seu advogado para discutir seu provável suicídio. Pretende redigir seu testamento e deixar toda sua fortuna para seu marido, como punição por infidelidade. Seu casamento fora resultado de um desafio. Seu finado pai, por quem Epifânia tem fixação assumidamente edipiana, impôs uma condição: para se casar com ela o marido deveria receber uma quantia inicial razoável e, em seis meses, transformá-la em uma fortuna. O marido, boxeador e esportista, vence o desafio através de manobras financeiras e – ironia suprema – pela produção de uma peça teatral. Apesar disto, Epifânia perde o interesse por ele. Após jogar escada abaixo um amigo que ofendera a memória de seu pai, encontra um médico muçulmano, filho de uma lavadeira, por quem se apaixona. Para sua surpresa, ao propor casamento ao médico, é informada que sua humilde mãe, uma lavadeira, também impôs um desafio como condição à mulher que desejasse desposá-lo: a pretendente deveria receber uma quantia miserável e sobreviver, unicamente através do seu trabalho, durante seis meses. Só assim seria merecedora da mão do filho. Ao aceitar o desafio, Epifânia começa um movimento irresistível, desvendando o modo de agir e pensar de sua classe social, poucas vezes retratada em cena.

A peça pode ser definida como uma comédia didática sobre poder e dinheiro. Shaw já havia se ocupado de maneira aguda destes temas em Casa de Viúvos (1892), Major Bárbara (1905) e Pigmalião (1912). Num cruzamento histórico dramático – que com a Segunda Guerra viria a se tornar trágico – Shaw levou quatro anos para escrever o texto, finalizando o trabalho aos quase 80 anos de idade, em 1936.

Escrito em meados dos anos 1930, o texto de Shaw traz temas muito atuais como a concentração de renda e direitos dos trabalhadores. Reforçando seu estilo dialético, Bernard Shaw segue sem colocar “a verdade” na boca de nenhum personagem e provoca na plateia um quase desconforto ao se ver na posição de aceitar ou não os pontos de vista dispostos no palco.

Sobre Bernard Shaw

Considerado um dos mais importantes dramaturgos de língua inglesa, George Bernard Shaw (1856-1950) é autor de 60 peças, entre elas “Pigmalião”, “Cândida”, “César e Cleópatra”, “O Dilema do Médico”, “O Homem do Destino”, “Volta a Matusalém” e “A Milionária”. Ao longo de sua carreira, encerrada aos 94 anos, ele também trabalhou como jornalista, romancista, crítico de música e teatral e ensaísta.

Avesso a honrarias públicas, Shaw foi, ironicamente, a única pessoa a ter sido premiada com o Nobel de Literatura (1925, por “Santa Joana”) e com o Oscar de melhor roteiro por “Pigmaleão” (1939). Ele aceitou o primeiro prêmio unicamente por insistência de sua esposa, mas, mesmo assim, destinou toda a quantia recebida para a tradução e a difusão das obras de Henrik Ibsen e outros autores escandinavos.

Como crítico teatral, atacou a “bardolatria”, a excessiva reverência à genialidade de Shakespeare. Segundo Shaw, ela paralisava a cena inglesa, restando apenas versões romantizadas das obras do bardo, ou, ainda, dramalhões superficiais criados segundo os ditames da peça bem-feita.

Foi um dos líderes da Sociedade Fabiana, precursor do Partido Trabalhista inglês e um dos fundadores da London School of Economics, até hoje um dos mais prestigiados centros de ensino do mundo.

Sobre Rosalie Rahal Haddad

Consultora Honorária da Associação Brasileira de Estudos Irlandeses (ABEI) e Pesquisadora da Cátedra William Butler Yeats de Estudos Irlandeses na Universidade de São Paulo (USP). Fez mestrado e doutorado na USP, na área de estudos anglo-irlandeses e pós-doutorado na UNESP/São José do Rio Preto. Escreveu livros e artigos publicados no Brasil e no exterior, com destaque para George Bernard Shaw e a Renovação do Teatro Inglês (editora Olavobrás/ABEI), Shaw, o Crítico – da Irlanda para o Brasil (Editora Humanitas/Fapesp), Bernard Shaw’s Novels: His Drama of Ideas in Embryo ( editora Verlag Trier, Alemanha) e Bernard Shaw in Brazil, The Reception of Theatrical Productions, 1927-2013 (Oxford e Bern: Peter Lang AG, Internacional Academic Publishers). O projeto 2XSHAW é sua terceira produção teatral sobre a obra do autor irlandês na cidade de São Paulo.

Serviço
2XSHAW
Teatro Aliança Francesa – Rua General Jardim, 182, Vila Buarque
Ingressos: R$ 50,00 (inteira) R$ 25,00 (meia-entrada) – sábados e domingos
R$ 30,00 (inteira) R$ 15,00 (meia entrada) – quintas, sextas e segundas-feiras.
Capacidade: 226 lugares
Informações: (11) 3572-2379
Temporada: De 10 de agosto a 30 de setembro.

A Profissão da Sra. Warren
Sinopse: Numa casa de campo em Surrey, a jovem Vivie Warren recebe a visita de amigos da mãe, que não conhecia, e em discussões acaloradas, surgem revelações surpreendentes sobre sua vida.
Apresentações: de 10 de agosto a 30 de setembro, sábados e segundas às 20:30h e domingos às 19h.
Classificação: 12 anos
Duração: 100 minutos
Gênero: Comédia Dramática

Ficha Técnica
Idealização: Rosalie Rahal Haddad
Tradução: Clara Carvalho
Direção: Marco Antônio Pâmio
Diretor assistente: Thiago Ledier
Elenco: Clara Carvalho, Karen Coelho, Caetano O’Maihlan, Cláudio Curi, Mário Borges e Sergio Mastropasqua
Figurinos: Fabio Namatame
Cenário: Duda Arruk
Desenho de Luz: Caetano Vilela
Trilha Original: Gregory Slivar
Fotografia: Ronaldo Gutierrez
Design Gráfico: Denise Bacellar
Coordenação de Produção: Selene Marinho
Assistente de produção: Marcela Horta
Pré-Produção: Círculo de Atores
Assistente de Figurinos e Objetos: Cy Teixeira
Montagem e Operação de Luz: Nicolas Caratori
Montagem e Operação de Som: Alexandre Martins
Contrarregra: Marcela Horta

A Milionária
Sinopse: Epifânia, uma das mulheres mais ricas da Europa, discute com seu advogado a possibilidade de seu provável suicídio. Ela pretende deixar, como forma de punição por infidelidade, toda a fortuna para seu marido. Seu casamento fora resultado de um desafio. Seu finado pai, por quem ela tem fixação assumidamente edipiana, impôs uma condição: para se casar com ela o marido deveria receber uma quantia inicial razoável e, em seis meses, transformá-la em uma fortuna.

Apresentações: de 15 de agosto  a 27 de setembro, quintas e sextas, às 20h30
Duração: 100 minutos
Classificação: 14 anos

Ficha Técnica
Idealização: Rosalie Rahal Haddad
Tradução: Eduardo Tolentino de Araújo e Thiago Ledier.
Direção: Thiago Ledier.
Elenco: Chris Couto, Cy Teixeira, Priscilla Olyva, Alexandre Meirelles, Caetano O’Maihlan, Guilherme Gorski, Luti Angelelli, Rodrigo Chueri e Sergio Mastropasqua.
Trilha original: Gregory Slivar.
Cenários e luz: César Bento.
Luz e operação: Nicolas Caratori.
Montagem e Operação de Som: Alexandre Martins
Figurinos: Cy Teixeira.
Fotografia: Ronaldo Gutierrez.
Produção: CasaVerde de Teatro e SM Arte e Cultura.
Realização: Círculo de Atores.
Coordenação de Produção: Selene Marinho.
Assistente de Produção: Marcela Horta.
Administração: Patricia Pichamone.
Pré-Produção: Sergio Mastropasqua.
Design Gráfico: Denise Bacellar.
Gerenciamento de Mídias Sociais: Gigi Prade.