COMÉDIAS FURIOSAS
Novo texto de Leonardo Cortez, Comédias Furiosas tem nova temporada gratuita no Teatro Leopoldo Fróes, com direção de Marcelo Lazzaratto
Espetáculo reúne quatro histórias sobre a fúria e a incomunicabilidade. Além do próprio autor, elenco traz Daniel Dottori, Gláucia Libertini e Maurício de Barros e marca a quinta parceria entre Cortez e Lazzaratto.
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João Caldas F
Figura de destaque na dramaturgia paulistana, o dramaturgo Leonardo Cortez (autor quatro vezes indicado ao Prêmio Shell pela dramaturgia dos espetáculos Rua do Medo, Maldito Benefício, Sala dos Professores e Pousada Refúgio) faz uma nova temporada de seu novo trabalho, Comédias Furiosas, no Teatro Leopoldo Fróes, entre 28 de junho e 21 de julho.
A peça reúne quatro histórias independentes, entrelaçadas por um engarrafamento causado por um aparente suicídio, e que apresentam a fúria de personagens vitimados pela ausência de comunicação e entendimento num mundo cada vez mais conectado e tecnológico.
Em uma sequência desenfreada, uma profissional liberal passa a limpo sua relação com o marido no celular enquanto tenta desesperada e inutilmente chegar em casa para consertar um erro imperdoável. No mesmo trânsito, um publicitário tem uma crise de pânico, passa mal no carro e procura abrigo no apartamento de seu sócio; longe dali, um pintor recluso recebe a visita do Secretário de Cultura de uma pequena cidade do interior sem desconfiar das reais intenções do visitante e; finalmente, num apartamento hipster, um diretor de cinema tem a autoria de um de seus filmes questionada no dia em que recebe o maior prêmio de sua carreira.
“Os personagens são figuras da modernidade, profissionais liberais, artistas frustrados e representantes do poder público, que, solitários e neurotizados, dão voz às suas angústias, frustrações, mágoas, descontentamentos e esperanças. Para unir os universos de cada um, parti do tema da ausência do entendimento e da comunicação num momento em que paradoxalmente estamos cada vez mais próximos e conectados”, revela Cortez.
Todas as histórias são entrecortadas pela figura sinistra de uma cabra, símbolo de uma empresa de telefonia que encanta e aterroriza os personagens, imprimindo um tom de realismo fantástico às narrativas. “A tecnologia se faz presente na figura onipresente de uma cabra símbolo de uma empresa de telefonia que conforta, aterroriza e cria dúvidas perenes sobre o que é realidade ou fantasia num mundo onde as aparências prosperam, justamente porque fazem prosperar. São comédias trágicas e furiosas porque nascem de situações absurdas e patéticas que, no entanto, ganham desdobramentos trágicos em função de desonestidades aparentemente inofensivas que culminam em explosões de fúria e violência (o brasileiro contemporâneo é um potencial furioso e muito espanta que as explosões não aconteçam de maneira mais sistemática diante da sobreposição diária de abusos e absurdos aos quais somos submetidos cotidianamente)”, acrescenta.
Um pouco sobre a encenação
Os personagens vestem roupas com cores muito vivas, com figurinos inspirados em alguns filmes franceses dos anos de 1960. E o cenário tem torres de televisão e telas acopladas sobre elas, destacando a ideia de manipulação da mídia e das fake news, representadas pela figura da cabra.
Embora trágicas, as cenas são carregadas de um humor inevitável, oriundo do egoísmo, pequeneza, mesquinharia e sentimentos persecutórios, características da contemporaneidade. Nas quatro tramas de Comédias Furiosas, personagens neurotizados da grande metrópole se encontram diante de situações que resultam de um estilo de vida competitivo e doentio, fazendo da dramaturgia veículo para a crítica feroz da degradação moral da sociedade brasileira que insidiosamente corrói as relações e atitudes.
“As situações são perturbadoras, surpreendentes e paradoxalmente corriqueiras num mundo dominado pela individualidade e pelo consumismo. Temos, portanto, pretexto para um exercício cênico de plena identificação, onde personagens ricamente estruturados caminham por trajetórias hiperbólicas de escancaramento emocional, prova de fogo para o rico trabalho de intérprete que normalmente a dramaturgia de Cortez cobra dos atores que se aventuram pelo seu universo. A ficção surge como ferramenta fundamental no diagnóstico das mazelas do homem atual e nos desdobramentos de um estilo de vida que claramente o conduz ao isolamento e à destruição”, revela o diretor Marcelo Lazzaratto, que já dirigiu outros quatro espetáculos do dramaturgo, Rei dos Urubus (2008), Rua do Medo (2011), Maldito Benefício (2014) e Sala dos Professores (2016).
A encenação de Lazzaratto explora os limites entre a ficção e a realidade. “Eu gosto muito dessa ideia dos limites, que inclusive vem ao encontro do título da peça, Comédias Furiosas. A peça explora os limites da cor, das imagens, da realidade, da virtualidade, da ficção, da verdade e da mentira. Os personagens, as circunstâncias, as situações, as ações nos fazem questionar se, de fato, aquilo tudo aconteceu ou não. Os personagens, por exemplo, afirmam coisas e, na verdade, deparam-se com outras”, esclarece o diretor.
Sobre Leonardo Cortez
Leonardo Cortez é ator, diretor e dramaturgo. Escreveu os espetáculos Crápula Redimido (2004), Escombros (2005), Rei dos Urubus (2008), Rua do Medo (2011- Texto Indicado aos Prêmios Shell e Cooperativa Paulista de Teatro), Maldito Benefício (2013- Texto indicado aos Prêmios Shell, APCA e Aplauso Brasil), Sala dos Professores (2016- Texto indicado aos Prêmios Shell, APCA e Vencedor do Prêmio Aplauso Brasil) e Pousada Refúgio (2018- Texto indicado aos Prêmios Shell, APCA e Aplauso Brasil e atualmente em cartaz no Teatro Eva Herz). Na televisão, Cortez é idealizador e roteirista das séries Máximo & Confúcio (2017- TV Cultura) e Sala dos Professores (2019- Cine Brasil TV).
Sobre Marcelo Lazzaratto
Ator e diretor, formado em Artes Cênicas pela Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo (ECA- USP). Professor Doutor em Interpretação Teatral da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em 2000, cria a Cia. Elevador de Teatro Panorâmico e assume a função de diretor artístico. Atualmente está em cartaz como diretor no espetáculo Romeu e Julieta 80, com Renato Borgui, Miriam Mehler e Carolina Fabri. Realiza, entre outros, os espetáculos: A Ilha Desconhecida, adaptação da obra de José Saramago, Loucura; A Hora em que Não Sabíamos Nada uns dos Outros, de Peter Handke; Amor de Improviso; Peça de Elevador, de Cássio Pires; Ponto Zero, a partir da obra de Salinger, Kerouac e Godard; e Eu Estava em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse, de Jean-Luc Lagarce, Do Jeito Que Você Gosta, de William Shakespeare, Ifigênia, de Cássio Pires, O Jardim das Cerejeiras, de Anton Tchecov e Sala dos Professores, de Leonardo Cortez. Fora da Cia, o diretor também tem um vasto repertório de espetáculos como, A Tempestade, de William Shakespeare, Ricardo III, de William Shakespeare, Cartas Libanesas, texto de José Eduardo Vendramini, o infantil O Dragão de Fogo, Maldito Benefício, de Leonardo Cortez, entre outras. Marcelo pesquisa e desenvolve o sistema improvisacional e pressuposto estético Campo de Visão há 25 anos, tendo publicado o livro “Campo de Visão: exercício e linguagem cênica”, em 2011.
SINOPSE
Comédias trágicas sobre a fúria e a incomunicabilidade. Quatro histórias independentes se entrelaçam em um engarrafamento causado por um aparente suicídio. Uma profissional liberal tenta desesperadamente chegar em casa depois de descobrir que cometeu um erro imperdoável. Um publicitário passa mal no engarrafamento e busca amparo no apartamento do seu sócio. Um pintor recluso recebe a visita de um Secretário de Cultura de uma pequena cidade do interior, sem desconfiar das reais intenções do visitante; e finalmente, um diretor de cinema tem a autoria do seu filme questionada no dia em que recebe o maior prêmio da sua carreira. Entrecortando todas as histórias, a figura sinistra de uma cabra imprime um tom de realismo fantástico às narrativas.
Este projeto foi contemplado pela 8ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo — Secretaria Municipal de Cultura”.
FICHA TÉCNICA
Autor: Leonardo Cortez
Direção: Marcelo Lazzaratto
Assistente de Direção: Thaís Rossi
Elenco: Daniel Dottori, Gláucia Libertini, Leonardo Cortez e Maurício de Barros
Cenário: Marcelo Lazzaratto
Figurinos: Márcio Araújo
Iluminação: Marcelo Lazzaratto
Música original: Dan Maia
Vídeos: Daniel Almeida
Fotos: João Caldas
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Direção de Produção: Sonia Kavantan
Realização: Kavantan & Associados – Projetos e Eventos Culturais
SERVIÇO
Comédias Furiosas, de Leonardo Cortez, com direção de Marcelo Lazzaratto
Teatro Municipal Leopoldo Fróes – Avenida João Dias, 822, Santo Amaro
Temporada: 28 de junho a 21 de julho
Às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h
Ingressos: gratuito
Bilheteria: abre uma hora antes do início do espetáculo
Classificação: 14 anos
Duração: 90 minutos
Capacidade: 198 lugares
Informações: (11) 5541-7057