DOIS A DUAS

Peça sobre a juventude e o universo LGBTT, Dois a Duas estreia na Oficina Cultural Oswald de Andrade em outubro

Espetáculo tem dramaturgia de Maria Fernanda de Barros Batalha e direção de Erica Montanheiro e Mariá Guedes

Uma imagem contendo pessoa, sentado, edifício, homem

Descrição gerada com muito alta confiança

Fotos de Marina Wang

Com muita sensibilidade e sem pieguices, Dois a Duas, de Maria Fernanda de Barros Batalha, investiga a juventude contemporânea e a descoberta da homossexualidade. O espetáculo, dirigido por Erica Montanheiro e Mariá Guedes, estreia no dia 11 de outubro na Oficina Cultural Oswald de Andrade, e segue em cartaz até 17 de novembro, com entrada gratuita.

A trama narra a história de Lígia, uma adolescente que estuda em uma escola particular de São Paulo, onde sua mãe trabalha como bedel. Embora seja uma aluna dedicada e mantenha uma proximidade com a professora de literatura, ela não vê a hora de acabar o ensino médio. Seus melhores amigos, o casal Ana e Márcio, vivem uma conturbada relação. Uma descoberta sobre ela mesma fará com que Lígia tenha seus caminhos transformados.

O elenco é formado pelos atores Bia Toledo, Bruna Betito, Jhenifer Santine, Lui Seixas e Luzia Rosa e pelas musicistas Maria Fernanda de Barros Batalha, Monique Salustiano e Rayra Maciel.

A montagem do texto foi idealizada pela dramaturga Maria Fernanda de Barros Batalha, que convidou a atriz e diretora Erica Montanheiro para dirigir o espetáculo. A primeira leitura pública do texto, ainda em processo de escrita, foi realizada no Teatro Sérgio Cardoso, em 2014. Em 2017, o projeto foi contemplado pelo edital do Proac LGBT.

SOBRE A ENCENAÇÃO, POR ERICA MONTANHEIRO E MARIÁ GUEDES

Dois a Duas nasce, justamente, do desejo da dramaturga, uma mulher lésbica, em comunicar-se com o púbico jovem de forma direta e sem pieguices, conduzindo o espectador a uma verdadeira jornada pelas profundezas do mundo adolescente contemporâneo, levando em conta as intersecções de raça, classe e gênero.

Entendemos que era urgente a produção nacional de materiais artísticos que contemplem a temática jovem e LGBTT, levando em conta o conteúdo, é claro, mas também a pesquisa de formas artísticas e estéticas interessantes e estimulantes para os adolescentes, visando também à formação de público para o teatro. Sabemos que muitos jovens que começam a se descobrir homossexuais, bem como seus colegas heterossexuais, pais e professores que testemunham essas descobertas, crescem completamente sem referências saudáveis de homossexualidade, sem nem saber que existe a possibilidade do amor entre pessoas do mesmo sexo, ou enxergando essa possibilidade como algo antinatural, pois,  infelizmente, as referências artísticas que existem abordando o assunto de forma direta e natural ainda são muito escassas, e em sua maioria, estrangeiras, o que dificulta o acesso, o entendimento e uma real identificação com as questões expostas.

Pensar uma encenação para o público jovem parece uma das propostas mais desafiadoras do nosso momento histórico. O teatro, por ser uma manifestação cultural que é, em sua essência, artesanal, parece ir contra toda a tecnologia disponível ao alcance das mãos. E o universo jovem parece ser algo inatingível, pois as referências mudam com uma rapidez que parece contradizer o tempo mais moroso do fazer teatral. Partimos, assim, de um belo desafio, e nos sentimos Sísifo empurrando a pedra montanha acima, sabendo que ela vai rolar pra baixo no minuto seguinte. E justamente por tudo isso, topamos a empreitada proposta por Maria Fernanda Batalha – jovem dramaturga com qualidades de escrita muito refinadas e pensamento livre, não submissa às expectativas de um padrão heteronormativo patriarcal.

Para encenar esse texto, que possui características cinematográficas e diálogos naturalistas requintados, partimos justamente desta oposição: o arcaísmo do teatro somado aos recursos tecnológicos e ao universo ágil, efêmero e intenso da temática adolescente.  Acompanhando, assim, o ritmo frenético e acelerado da dramaturgia e suas rápidas e constantes mudanças de cenário e contexto e de estado das personagens. Toda a operação de projeções, sons e luz será executada pelos atores em cena, bem como as movimentações dos módulos que compõem o cenário, expondo aos jovens espectadores a teatralidade e simplicidade da linguagem teatral.

O protagonismo de duas mulheres negras e a temática lésbica são elementos que tornam a peça uma afirmação política de onde estamos hoje e de onde queremos estar. Em tempos de declarações fascistas, acreditamos ser necessário reafirmar nossa postura ética através da arte.

Vale reforçar que a equipe técnica de criação é composta essencialmente por mulheres, no intuito de articular coerentemente a temática e o texto as questões de produção hoje / ampliação dos espaços de trabalho as profissionais do teatro.

SINOPSE

Lígia estuda em uma escola particular de São Paulo em que sua mãe trabalha como bedel. Por ser a aluna mais dedicada da turma, acaba ficando muito próxima da professora de literatura, Cecília. Seus melhores amigos, o casal Ana e Márcio, vivem uma conturbada relação, e Ligia só quer que o ensino médio acabe logo, mas no meio do caminho uma descoberta sobre si mesma muda o rumo das coisas.

FICHA TÉCNICA

Dramaturgia: Maria Fernanda de Barros Batalha

Direção: Erica Montanheiro e Mariá Guedes

Elenco: Bia Toledo, Bruna Betito, Jhenifer Santine, Lui Seixas e Luzia Rosa

Direção Musical: Luísa Gouvêa

Musicistas: Maria Fernanda de Barros Batalha, Monique Salustiano e Rayra Maciel

Iluminação: Paula Hemsi

Vídeo Projeções: Laíza Dantas

Direção de Arte: Fatima Lima

Consultoria de Direção de Arte: Joyce Roma

Figurino e Cenário: Fatima Lima

Assistentes direção de arte: Stephanie do Ó, Mila Fogaça, Thaís Boneville

Cenotéctico: Evas Carretero

Direção de Produção: Maria Fernanda Batalha e Erica Montanheiro

Produção Executiva: Ana Elisa Mattos

Fotos: Marina Wang

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

SERVIÇO

Dois a Duas, de Maria Fernanda de Barros Batalha

Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363, Bom Retiro

Temporada: de 11 de outubro a 17 de novembro

Às quintas e sextas, às 20h; e aos sábados, às 18h.

Ingressos: Grátis, distribuídos uma hora antes da sessão

Informações: (11) 3222-2662

Classificação: 14 anos

Duração: 70 minutos