SUTURA

SUTURA, do escocês Anthony Neilson, reestreia na Oficina Cultural Oswald de Andrade dia 3 de maio

Com direção de César Baptista e elenco formado por Anna Cecília Junqueira e Ivo Müller, peça discute, de forma ácida e inteligente temas como amor, hipocrisia, busca por felicidade, micro poder nas interrelações e a precariedade da natureza humana

Link para fotos de Bruno Favery

Um casal que tenta reconstruir seu amor e reorganizar sua vida depois de uma notícia que abalou a dinâmica já estabelecida é o mote de Sutura, versão de César Baptista para a peça do polêmico dramaturgo escocês Anthony Neilson. O espetáculo reestreia no dia 3 de maio na Oficina Cultural Oswald de Andrade, onde segue em cartaz até o dia 25 de maio.

Ao retomar a própria história, o casal encontra um terreno movediço, cheio de encontros, desencontros, desejos, sonhos, brutalidade, ficção e realidade. A peça cria uma reflexão sobre amor, hipocrisia, busca por felicidade, micro poder nas interrelações e a precariedade da natureza humana

Desde a época de convivência no CPT (Centro de Pesquisa Teatral) de Antunes Filho, há mais de dez anos, Ivo Müller e César Baptista alimentam o desejo de concretizar uma parceria no teatro. Depois de uma lacuna de anos em que ambos se dedicaram ao teatro e ao cinema em caminhos diferentes, agora finalmente se juntaram com o objetivo de montar um espetáculo teatral. Após muitas leituras de textos clássicos e contemporâneos, o ator e o diretor escolheram “Sutura”, de Anthony Neilson. Anna Cecília Junqueira, atriz que também fez parte do CPT, foi convidada pelos dois a abraçar o projeto e, logo após a primeira leitura, integrou-se nesse trabalho com imensa identificação e enorme desejo de montar a peça.

“Agora, para quê montar um texto de um dramaturgo escocês, em São Paulo, hoje? Entendemos que o texto Sutura está naquele rol de textos que provocam e surpreendem a plateia, porque leva a crer que a história vai se desenrolar por um lado, quando na verdade vai por outro. Como o próprio autor já disse a propósito da estreia de uma de suas peças, ‘Você está sentado confortavelmente? Bem, não por muito tempo.’”, comenta o diretor César Baptista.

O diretor optou por uma montagem que deseja colocar a plateia numa condição de cumplicidade com a situação do casal. Ao mesmo tempo, nesse trajeto que poderia instaurar um caminho de identificação, a peça procura gerar desvios, por vezes sutis, que tornam as certezas movediças, escapando assim de uma lógica cartesiana. Este caminho, cheio de detalhes rigorosamente pensados para a cena, procura não dar a história totalmente pronta para a plateia, de modo que ela mesma possa contribuir, em certa medida, com sua perspectiva. Para a direção, no cerne disso tudo, está o jogo – entre os atores e o texto – como procedimento que constitui o fundamento deste trabalho.

Sobre Anthony Neilson (autor)

Anthony Neilson é um dramaturgo e diretor escocês, nascido em 1967. Segundo o crítico Aleks Sierz, Neilson fez parte de um grupo de dramaturgos circunscritos num movimento que ele chamou de geração “in-yer-face theatre”, do qual faziam parte nomes como Sarah Kane e Mark Ravenhill, uma geração de artistas que aparece no final dos anos 90 na Grã-Bretanha, muitos dos quais ainda estão em plena atividade.

“In-yer-face theatre” foi um termo cunhado por esse crítico para dizer que o tipo de dramaturgia desenvolvida por essa geração de autores era “vulgar”, “chocante” ou “um material confrontador”, com um sentido de envolver e afetar a plateia.

Mais tarde, Neilson atestou que não gostaria de ter seu nome associado a esse termo, pois ele achava que o termo repelia o público, o que, em última análise, ele nunca quis fazer. Em vez disso, se precisasse ser categorizado, ele preferia que seu trabalho fosse chamado de teatro “experimental”.

Atualmente, Neilson continua escrevendo e dirigindo suas peças, a mais recente, de 2016, uma adaptação de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. Teve seus textos traduzidos e montados em diversos países, como Itália, Brasil, Argentina e Alemanha, e seu trabalho ainda continua sendo relevante no universo britânico, com textos e direções sendo realizadas nos últimos anos em locais importantes como Royal Lyceum Theatre, no Royal Court Theatre, no Festival Internacional de Edinburgh, etc.

Sobre César Baptista (diretor)

Diretor, dramaturgo, professor e ator. Faz Mestrado em Artes Cênicas na USP. Formou-se como ator na Fundação das Artes e graduou-se em Letras, na Fundação Santo André. Recebeu o Prêmio Arte Qualidade Brasil de Melhor Diretor de Drama por Roleta-Russa, adaptação do romance Suicidas de Raphael Montes. Dirigiu e escreveu “Fábulas de um Sótão”, “Dias Perfeitos” e “Lobato ou o labirinto dos sonhos”. Dirigiu ainda “Plínio contra as estrelas”, de Paulo Santoro e escreveu o solo de Natalia Gonsales “A Última Dança”. É autor dos textos “Biblioteca de Alexandria”, “Ao Ponto!” e “Peça à Fantasia”, esse em parceria com Rodrigo Fregnan. Há seis anos é Assistente de Marici Salomão na Coordenação do Núcleo de Dramaturgia do SESI-British Council (Prêmio Shell na categoria Inovação). Foi Ator e Assistente de Direção de Antunes Filho por seis anos no CPT, Centro de Pesquisa Teatral do Sesc, Coordenador do Círculo de Dramaturgia do CPT e Professor do CPTzinho. Foi também Assistente de Direção de Gabriel Villela por quatro anos; e de Jorge Takla. Colaborou ainda por um ano, para o jornal O Estado de S. Paulo, como Crítico Teatral Convidado.

Sobre Ivo Müller (ator)

Ator, produtor e professor. Em 2017 estreou a peça “Pequenas Certezas”, com direção de Fernanda D`Umbra, peça que reabriu o Porão do CCSP. Trabalhou também com Otávio Martins, Hugo Coelho, Esther Góes e Eduardo Tolentino, com destaque para a peça “Doze Homens e Uma Sentença” (prêmio APCA 2010 – Melhor Espetáculo, há 7 anos em cartaz). No cinema, atuou em coproduções internacionais como “Tabu”, de Miguel Gomes, (longa-metragem português, Prêmio da Crítica no Festival de Berlim 2012), no filme argentino “La Muerte de Marga Maier” de Camila Toker, além de filmes de diretores como Hector Babenco, Marina Person, Chico Faganello e Rodrigo Gasparini. Na TV, fez as séries: “A Menina Sem Qualidades”, de Felipe Hirsch – 2013, “O Negócio” da HBO -2014 e “Unidade Básica de Saúde” no Universal Channel – 2016.

Sobre Anna Cecília Junqueira (atriz)

Jornalista, produtora e atriz, formada pelo Teatro Escola Célia-Helena e pelo Curso de Formação de Atores do Centro de Pesquisa Teatral (CPT). É uma das fundadoras da companhia AKK de Nelson Baskerville. Atuou em espetáculos de Mário Viana, Marcelo Rubens Paiva, Lavínia Pannuzzio, Marcelo Lazzaratto, Carla Candiotto, Ruy Cortez, José Roberto Jardim e do GRUPO TAPA, com direção de Eduardo Tolentino. Na TV, participou de séries na TV Cultura e no Canal Fox e da novela Amigas e Rivais, do SBT. No cinema, participou de curtas-metragens e do longa No Olho da Rua, de Rogério Correa.

SINOPSE

A notícia de um fato importante intensifica a dinâmica já estabelecida de um casal que tenta começar a reorganizar sua vida. Na tentativa de reconstruir essa história de amor, o terreno se revela movediço: encontros, desencontros, desejos, sonhos, ficção e realidade atravessam a relação desse casal, com ternura e brutalidade, abrindo um corte que expõe suas precariedades e os limites de sua natureza.

FICHA TÉCNICA

Autor: Anthony Neilson
Tradução: Ivo Müller
Elenco: Anna Cecilia Junqueira e Ivo Müller
Direção: César Baptista
Diretor assistente: Arno Afonso
Produção: Nathalia Gouvêa
Figurino: Marichilene Artisevskis
Cenário: Leo Ceolin
Trilha sonora compilada e Iluminação: César Baptista
Designer Gráfico: Leonardo Junqueira
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

SERVIÇO
Sutura, de Anthony Neilson, com direção de César Baptista
Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363, Bom Retiro
Temporada: de 3 a 25 de maio, às segundas, quintas e sextas-feiras, às 20h, e aos sábados, às 18h.
Ingressos: grátis, com distribuição uma hora antes da sessão
Classificação: 16 anos
Duração: 70 minutos
Gênero: Drama
Telefone: (11) 3222-2662