CORIOLANO
Versão vibrante da Cia. Ocamorana para Coriolano, de William Shakespeare, ganha nova temporada no Teatro Alfredo Mesquita
Obra menos conhecida do bardo inglês mostra como a política e a violência humana pouco mudaram em 2500 anos. Temporada popular acontece entre 1º de junho e 1º de julho.
“Há um quadro de Klee que se chama AngelusNovus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso”
O Anjo da história – Walter Benjamin
Considerada uma das obras menos montadas de William Shakespeare (1564-1616), Coriolano é também uma das mais experimentais e intrigantes. Com direção de Márcio Boaro e 14 atores em cena, a vibrante montagem da Cia. Ocamorana para o clássico inglês ganha nova temporada popular no Teatro Alfredo Mesquita, entre 1º de junho e 1º de julho, com ingressos vendidos por apenas R$20.
Coriolano, por Márcio Boaro
A cada ano notamos mudanças no nosso dia a dia, surgem diferenças comportamentais que são absorvidas rapidamente, vivemos com diferenças significativas em relação há dez anos. Neste quadro a peça Coriolano de William Shakespeare nos salta aos olhos, a história que se passa no período tão antigo que não se tem comprovações históricas de ter ocorrido, mas a história narrada parece ser nossa contemporânea.
O conceito de República (do latim res publica, “coisa pública”) era recente, a história se passa no século V antes de Cristo, mas o jogo de poder e as intrigas políticas são as mesmas. Nas origens da política republicana vemos muitos dos seus vícios.
A ideia de república onde o senado é uma estrutura política de Estado em que são necessárias três condições: um número razoável de pessoas (multitude); uma comunidade de interesses e de fins (communio); e um consenso do direito (consensus iuris). Que nasce das três forças reunidas: libertas do povo, auctoritas do senado e potestas dos magistrados.
Este conceito que parece perfeito não incluía o povo, que se manifesta, a pressão popular cria os seus representantes os “Tribunos do Povo” dentro de um regime que já devia conter os interesses populares.
Neste contexto surge um jovem general romano (aristocrata) que não acredita nos direitos dopovo, que é respeitado como herói de guerra e se coloca como candidato a Cônsul (chefe de estado), os tribunos fazem uma manobra para que ele não seja eleito e que além disto seja exilado, o grande general torna-se inimigo de Roma. Esta narrativa tem 2500 anos, mas poderia ter sido escrita a partir do jornal de hoje, o jogo pelo poder prevalece e o povo continua procurando uma forma de validar seus anseios.
Sobre a Cia Ocamorana de Teatro
A Cia. Ocamorana de Teatro é fundada em 1997, com Iná Camargo Costa, Alexandre Mate, Márcio Boaro e Mônica Raphael. O trabalho da Companhia sempre foi calcado na criação de obras de teatro épico com recorte histórico real, trabalhando na linha de Brecht, mas também de Piscator e Peter Weiss. A Cia. busca estudar a história a contrapelo para entender as contradições do presente, e pensar a história sempre como algo que está próximo e que os movimentos atuais são por conta do que aconteceu, em um movimento perpétuo.
FICHA TÉCNICA
Texto: William Shakespeare
Adaptação: Márcio Boaro
Direção geral: Márcio Boar
Coordenação do projeto “ Coriolanus – Visões da Plebe, Visões da Crise”: Mônica Raphael
Assistência de Direção: Eduardo Campos
Direção de Produção Coriolano: Mônica Raphael
Elenco: Mônica Raphael, Manuel Boucinhas e Litta Mogoff
Convidados: Andressa Ferrarezi, André Capuano, Joaz Campos, Pedro Felicio, Rodrigo Ramos, Toni D´Agostinho, Al Nascimento, Aton Macário, Letícia Negretti, Luiz Campos, Thaís Campos.
Direção Musical e Piano ao Vivo: Demian Pinto
Cenário: Antônio Marciano
Figurino: Claudia Schapira
Iluminação: Marcos Carreira
Artes Visuais e Mapping: Rafael Bresciani e Juliana Teixeira
Preparação Corporal: Nei Gomes
Preparação Vocal: Erika Coracini
Produção Musical: Gabriel Hernandes
Fotos: Lenise Pinheiro
Assistência de Produção: Vanda Nogueira
Gestão de Produção: Escritório das Artes
Realização: Companhia Ocamorana de Teatro.
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
SINOPSE
Caio Marcio Coriolano, é um general romano temido e reverenciado, está em desacordo com a cidade de Roma e seus cidadãos. Impulsionado a ocupar a poderosa e cobiçada posição de Cônsul por sua mãe controladora e ambiciosa, Volumnia, ele não está disposto a agradar às massas cujos votos ele precisa para assegurar o cargo. Quando os Tribunos do Povo fazem com que o povo se recuse a apoiá-lo, a raiva de Coriolano gera um protesto que culmina em sua expulsão de Roma. O herói banido se alia então ao seu inimigo declarado Tulio Aufídio para vingar-se da cidade. Uma obra de Shakespeare que se mostra atual para os problemas das Repúblicas modernas.
SERVIÇO
Coriolano, da Cia. Ocamorana de Teatro
Teatro Municipal Alfredo Mesquita – Avenida Santos Dumont, 1770, Santana
Temporada: de 1º de junho a 1º de julho
Às sextas e aos sábados, às 20h30, e aos domingos, às 19h
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$10 (meia-entrada). Bilheteria do Teatro abre 1 hora antes do início do espetáculo
Duração: 120 minutos
Classificação: 12 anos
Telefone: (11) 2221-3657
Capacidade: 198 lugares
“Este projeto foi contemplado pela 6ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo”.