BUG CHASER

Bug Chaser – Coração Purpurinado reestreia dia 4 de outubro no Teatro do Núcleo Experimental

A Cia. Artera de Teatro discute a relação entre o risco e prazer com a prática do barebacking (sexo sem preservativo) e bugchasing (quando um homem saudável procura, deliberadamente, ter relações sexuais outro homem com HIV positivo para ser infectado)

                                                                                                       

Fotos de Alice Jardim

 

A peça gira em torno de Mark (interpretado por Ricardo Corrêa – que também assina a dramaturgia). Markestá em uma quarentena sendo analisado por uma voz, um programa de inteligência artificial. Em fragmentos e saltos atemporais, a peça conta a saga desse homem, um advogado criminalista que busca se infectar propositalmente, uma subcultura pouco discutida na comunidade LGBT contemporânea.A direção é de Davi Reis. Bug Chaser – Coração Purpurinado faz nova temporada no Teatro do Núcleo Experimental de 4 de outubro a 16 de novembro.

“Falar de bareback, de um homem a procura de um vírus e de toda uma sociedade deteriorada, é trabalhar num universo particular que não deve ser entendido cartesianamente e requer cuidado para não reforçar preconceitos. O nosso desafio foi se debruçar sobre esse texto que trata de escolhas radicais e no trabalho do ator criador que lida com um personagem de extremos. Aqui, a luta contra a biopolítica impositiva e em estar fora da caixa social em que estamos automaticamente submetidos é levada ao limite. A partir da verticalização profunda no universo LGBT – abrangendo desde a sua subcultura até o mais violento preconceito sofrido – e a busca por ressignificações de lugar no mundo, pretendemos trazer questionamentos para além da simples reflexão e julgamento”, diz o diretor Davi Reis.

“A quarentena da peça significa a de todos os dias em que os discursos biomédicos colocam o sujeito que pratica bareback como alguém anormal, portador de distúrbios psicológicos ou criminalizadores, que acabam contribuindo para a manutenção de novos estigmas que há séculos acompanham os indivíduos homossexuais. Aliás, ainda há campos de concentração para gays. Foi mais de um ano de pesquisa, baseada em documentos e depoimentos de homens que se dispuseram a falar sobre o bareback”, conta Ricardo Corrêa, que já lançou um curta documentário ‘No Sigilo’, como parte de sua pesquisa que também trouxe depoimentos de vários homens gays sobre sexualidade, bareback e o HIV para o espetáculo.

“Há uma distinção entre o que se chama barebacking e bugchasing. Nem sempre os praticantes de bareback buscam a soroconversão. Percebi que esse é um assunto sobre o qual não se fala, há um silêncio na comunidade LGBT e por isso decidi enfocá-lo neste projeto artístico, pelos diferenciais que ele carrega em si e por sua tamanha complexidade. Existem, entretanto, diferentes aspectos ou dimensões culturais mais amplas, do nosso tempo, que devem ser considerados nestes contextos de fascinação pelo risco ou apostas nos ganhos sensoriais de encontros perigosos. Problematizo um homem em transito em um mundo doente, que busca encontrar pertencimento e aceitação. Uma jornada perigosa de autodescoberta para encontrar o melhor e o pior de uma nova comunidade que ele quer desesperadamente fazer parte. Falo de falo de escolhas, de desejos, de estigmas e principalmente sobre um novo capítulo da história do HIV”, conclui Ricardo.

Sinopse
Mark está em uma quarentena sendo analisado por uma voz, um programa de inteligência artificial. Em fragmentos e saltos atemporais, a peça conta a saga desse homem, um advogado criminalista que busca se infectar propositalmente.

Ficha Técnica:

Dramaturgia: Ricardo Corrêa. Direção: Davi Reis. Elenco: Ricardo Corrêa e Leonardo Souza. Vídeo design, Fotos e Programação visual: Alice Jardim. Figurino: Cy Teixeira. Iluminação: Fran Barros. Trilha sonora: Lucas Kaiser. Cenário: Cesar Resende de Santana (Basquiat). Preparação corporal: Felipe Alves. Operação de som e vídeo: Flavia Servidone e Viviane Barbosa. Operação de Luz: Lucas Barbosa. Produção: Ricardo Corrêa. Realização: Cia. Artera de Teatro.

Serviço:

Teatro do Núcleo Experimental: Rua Barra Funda, 637.

Temporada de 04 de outubro a 16 de novembro – quartas e quintas às 21h.

Duração: 60 minutos.

Classificação etária: 16 anos.

Capacidade: 65 lugares.

R$ 40 | www.compreingressos.com.br