SCAVENGERS

Scavengers narra jornada de um homem falido em busca de uma saída

Com direção de Francisco Medeiros, espetáculo comemora os 15 anos da Cia. Artera de Teatro. Montagem inédita da peça do escocês Davey Anderson estreia no Centro Cultural São Paulo, no dia 29 de setembro

 Link de fotos de Alexandre Reia

“E só o que vemos é a Terra. Esse frágil planeta flutuando num mar de estrelas. Nos afastamos mais ainda. E a própria terra se transforma num pontinho azul. Cada vez menor. Até que só nos restam as estrelas. E a serenidade”.

O que é preciso para um cidadão excluído sobreviver à crise das instituições? Esse é o ponto de partida de Scavengers, do dramaturgo escocês Davey Anderson, espetáculo escolhido para marcar os 15 anos de carreira da Cia. Artera de Teatro. Como esse texto exigia um diretor capaz de fazer provocações sobre a escuta de si, do outro, dos entornos e das relações em sociedade, a trupe convidou Francisco Medeiros, que tem mais de 45 anos de trajetória nos palcos. O elenco é composto pelos atores Ricardo Corrêa, Davi Reis, ambos da Cia. Artera, e dos convidados Fani Feldman, Gabriela Rabelo e Rogério Brito.

A trama narra a saga de Michael Findlater, um homem em colapso financeiro que decide forjar sua morte, abandonar sua vida antiga e virar um andarilho até encontrar uma outra forma de viver. Dessa maneira, ele pretende se reinventar.

Na sociedade do consumo, as vontades individuais se sobressaem aos interesses coletivos e pequenos grupos à margem se unem como um coro de sobreviventes. O protagonista é uma metáfora para um país em crise e ao mesmo tempo a metáfora da incansável busca pela sobrevivência e pela felicidade.

A encenação de Francisco Medeiros propõe um jogo entre o épico e o dramático, ele convida o público a ajudar na construção das imagens do espetáculo. Os atores são narradores e personagens, a cena se divide em ação e narrativa e essas duas facetas muitas vezes se misturam na peça. “Essa linguagem traz o espectador para a cena, o protagonista se torna cada um de nós, o público tem a possibilidade de colocar sua imaginação e sensibilidade a favor da história”, comenta o diretor.

O título da obra (scavengers, em português, significa limpadores, catadores) é uma referência aos animais detritívoros, saprófogos ou necrógagos, que se alimentam de restos orgânicos e devolvem essa matéria reciclada para a cadeia alimentar, beneficiando outros organismos vivos. A ideia é comparar esses seres aos homens à deriva na sociedade, que precisam recolher os detritos dos demais para exprimir sua existência.

Como a peça foi escrita para a realidade escocesa, foram estabelecidos novos pontos de comparação com o contexto e os problemas brasileiros. A encenação lança um olhar sobre a cidade de São Paulo, seus excluídos, esconderijos, movimentos e sons. A poesia surge das relações dos artistas com o entorno e com as paisagens urbanas e grotescas da pobreza.

“Para o trabalho dos atores, o grande desafio é incorporar o trânsito -por vezes frenético- entre os diferentes planos narrativos, muitas vezes traduzidos pela relação da fisicalidade do corpo com o espaço, outras vezes pelo uso multifacetado das potencialidades vocais.”, comenta Francisco Medeiros.

Já o cenário de Basquiat contém, desde a movimentação de uma estrutura de ferro e madeira a cargo do elenco, até outros planos narrativos que buscam tirar o máximo proveito da arquitetura do palco da Sala Jardel Filho. Os figurinos assinados por Cy Teixeira, e a luz de Fran Barros foram também concebidos como uma sobreposição de ” camadas”, diferentes texturas que ora se acumulam , ora se devassam para revelar interiores.

O universo sonoro tem um papel relevante como suporte para a escritura cênica e será operado ao vivo pelo seu criador, Tiago de Melo.

O espetáculo foi contemplado na 5ª edição do Prêmio Zé Renato de apoio à produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo.


SINOPSE

Michael Findlater é um homem em colapso e falido, uma metáfora para a crise institucional de um país. Arruinado, ele decide dar uma pausa em sua vida para se reinventar e transforma-se em um andarilho. O protagonista tentar compreender como as suas desventuras estão relacionadas aos mecanismos perversos das instituições sociais. O nome da peça é uma referência aos animais detritívoros, sapófagos ou necrófagos, que se alimentam de restos orgânicos, devolvendo-os reciclados para a cadeia alimentar de modo que outros organismos vivos possam se beneficiar dessas substâncias.


FICHA TÉCNICA

Texto: Davey Anderson

Tradução: Caio Badner

Direção: Francisco Medeiros

Elenco: Ricardo Corrêa e Davi Reis

Atores convidados: Fani Feldman, Gabriela Rabelo e Rogério Brito.

Compositor musical e execução ao vivo: Tiago de Melo

Preparação corporal: Vitor Bassi

Cenário: Cesar Rezende Santana

Iluminação: Fran Barros

Figurino: Cy Teixeira

Comunicação visual: Alice Jardim

Produção: Ricardo Corrêa

Assistência de Produção: Rafael Salmona

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Realização: Cia Artera de Teatro

SERVIÇO

“Scavengers”, da Cia. Artera de Teatro

Centro Cultural São Paulo (CCSP) – Rua Vergueiro, 1.000, Paraíso

Sala Jardel Filho

Temporada: de 29 de setembro a 5 de novembro

Às sextas e aos sábados, às 21h; e aos domingos, às 20h.

Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada), com venda online pelo site Ingresso Rápido. No dia 22 de outubro, a entrada custa apenas R$3.

Lotação: 321 lugares

Duração: 80 minutos

Classificação: 12 anos