A CABALA DO DINHEIRO

A CABALA DO DINHEIRO dirigida por Clarice Niskier e André Acioli  está em cartaz no Teatro Eva Herz

 Fotos de Heloisa Bortz

 

A CABALA DO DINHEIRO é uma livre adaptação do livro homônimo de Nilton Bonder. Centrada nessa obra, a dramaturgia também traz inspirações dos outros dois títulos de Bonder que compõem a trilogia da Cabala (A Cabala da Inveja e A Cabala da Comida), escrita a partir da seguinte máxima judaica: “Uma pessoa se faz conhecida através de seu copo, bolso e ódio.”

Clarice tem larga experiência com a literatura de Bonder, sendo diretora e atriz de A Alma Imoral, adaptação do livro homônimo do rabino, em cartaz ininterruptamente há onze anos.

Em “A cabala do dinheiro”, dois atores, Letícia Tomazella e Marcos Reis, dão corpo e voz aos conceitos do livro. Eles ora são narradores, ora os personagens das várias histórias que Bonder usa em sua obra pra exemplificar suas colocações. Assim, vão-se tecendo as ideias, exemplos, reflexões e conceitos sobre o dinheiro – e a relação do indivíduo e da sociedade com ele -, sobre os demais âmbitos da vida comum que formam o conceito de prosperidade, sobre dar e receber, sobre não dar e não compartilhar, sobre abundância e escassez etc., de modo a desvendar as nuances da presença do dinheiro e da prosperidade em nossas vidas, e as formas de se ter uma vida mais abundante.

Sinopse
Num mundo onde os preços parecem se sobrepor aos valores, o dinheiro perde seu significado. Em meio a esse complexo tema, um casal de atores-narradores propõe um negócio entre si e com o público. Adentrar neste rico pomar que são as transações entre os valores humanos, em busca da compreensão do que está por detrás dos mistérios que envolvem o mercado e o dinheiro em nossas vidas.

O mais longo dos caminhos é o que leva do coração ao bolso. A peça é uma discussão ética sobre a mágica das trocas humanas. Se, por um lado o dinheiro é elemento que promove relações perversas e idólatras, não só quando adorado mas também quando desprezado, por outro, é elemento de expansão de mercados e permite uma grande sofisticação nos vínculos da malha da vida.

Sobre a encenação, por Clarice Niskier
No processo de ensaios, foram quase dois meses debruçados sobre a dramaturgia. Entendimentos, transformar conceitos em ação, em sentimentos palpáveis, impalpáveis, construção.

Nessa peça, os atores, Marcos e Letícia, querem contar uma história de amor, uma história de luta, pela vida, pela sobrevivência, as dores e as alegrias dessa luta, dessa vontade de liberdade no mundo e no palco.

Eles se dedicam de corpo e alma ao árduo estudo da Cabala, para transformar o livro “A Cabala do Dinheiro”, do rabino Nilton Bonder, em peça teatral.  Minha função: supervisionar a dramaturgia que eles me apresentam, oferecer pistas, reencaminhar algumas ideias, propor diálogos, sintetizar, levantar questões, propor conflitos, dar a mão, angustiar-me com eles, celebrar ao lado deles as pequenas grandes vitórias do dia a dia, dizer sim, dizer não, dizer não sei, dizer vamos parar por hoje?, vamos dar folga amanhã, vamos ensaiar 12 horas na segunda feira, vamos reler o livro, reescrever dezenas de vezes as cenas, discutir, amar, amar esse ofício sem fim de escrever e de encenar.

A peça é poética, lírica, épica, tudo ao mesmo tempo. Tem seus momentos dramáticos, talvez cômicos, seus momentos narrativos, mas não é uma comédia, não é uma tragédia, não é um drama, nem uma contação de histórias. Está inserida no que se costuma chamar Teatro de Ideias, gênero, até certo ponto, bem comum no Brasil. O palco é uma área de jogo, onde o estudo, os diálogos e a poesia estão fortemente presentes.

Como diz o rabino: “de nós é exigido o máximo”. Estão todos dando o máximo de si. E isso é simplesmente o máximo.

Sobre o livro
Em “A cabala do dinheiro”, Nilton Bonder visa desvendar os visíveis “nós” que há sobre o tema do dinheiro e da prosperidade na vida das pessoas: dinheiro pode gerar belas construções e uniões prósperas, mas pode destruir e desarmonizar grupos, por exemplo. O autor estuda alguns comportamentos, como certo excesso nas ações, vindo de um desvirtuamento dos valores atribuídos a um ou a outro aspecto. Dinheiro e vida são opções antagônicas, na sociedade atual, uma vez que, para se ter muito Dinheiro, as pessoas mergulham em suas lutas por sucesso e fama profissional, deixando de lado as demais áreas da vida e não compreendendo que o próprio dinheiro (Ter) tem uma relação direta com a plenitude da existência (Ser). Em seu livro “Ter ou não ter, eis a questão”, Bonder desenvolve mais profundamente tais ideias. Assim, boa parte de sua obra constrói um compêndio sobre o tema da Prosperidade, sobre a manifestação da abundância na vida terrena.

Nilton Bonder traz um posicionamento bastante transgressor com relação à própria tradição judaica, embora seja um rabino e busque apontar os aspectos relevantes que sua tradição traz sobre a riqueza material em consonância com os conceitos mais amplos de riqueza, que englobam uma trajetória evolutiva do ser. Isto é, Bonder busca quebrar qualquer dogmatismo, apresentando seus estudos sobre a organização da sociedade, o valor concedido à moeda, o paralelismo entre os conceitos de “Ter” e “Ser”, a supervalorização do acúmulo de bens, os riscos desse acúmulo e quais aspectos lutam contra e quais lutam a favor de uma verdadeira e ampla prosperidade. Com a mão no bolso, hesitamos. Com a mão no bolso, nos entregamos. Com a mão no bolso estamos diante de nós mesmos. Nosso bolso revela nossa visão de mundo, revela até onde a gente enxerga.

Bonder fala de dinheiro, mas nos mostra o que vem antes dele. Quais são as sementes da abundância financeira? Qual o real comportamento de uma pessoa próspera? O que é a escassez e por que ela se manifesta em uns e não em outros? O que faz uma pessoa ser próspera em todos os âmbitos e outras apenas em alguns (ou em nenhum)?

Ficha técnica
Texto: do livro homônimo de Nilton Bonder
Adaptação: Letícia Tomazella, Marcos Reis e Clarice Niskier
Colaboração na dramaturgia: André Acioli
Direção: Clarice Niskier e André Acioli
Elenco: Letícia Tomazella e Marcos Reis
Produção: Kiko Rieser e Ronaldo Diaféria
Cenário e figurino: Cássio Brasil
Iluminação: Karine Spuri
Música original: José Maria Braga
Preparação vocal: Carlos Nascimento
Maquiagem: Louise Helène
Fotografia: Heloísa Bortz
Registro em vídeo: Ricardo Montenegro
Projeto gráfico: Herbert Bianchi
Realização: Diaferia Produções e Rieser Produções Artísticas

Serviço
Teatro Eva Herz – Av Paulista, 2073 – Conjunto Nacional
Temporada: Até dia 6 de dezembro. Quartas-feiras, às 21h
Ingressos: R$ 50

**150 ingressos gratuitos para pessoas de baixa renda disponíveis no site www.eufacocultura.com.br

Duração: 75 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Lotação: 168 lugares
Telefone: (11) 3170-4059
Duração: 70 minutos
Até: 27 de  setembro