NO CORAÇÃO DAS MÁQUINAS

Foto de Lígia Jardim

Foto de Lígia Jardim

No Coração das Máquinas, direção de Rita Carelli, faz duas temporadas em São Paulo

Oficina Cultural Oswald de Andrade: de 15 de abril a 7 de maio
Casa do Povo: de 11 de maio a 16 de junho

Fotos de Lígia Jardim: https://drive.google.com/folderview?id=0ByzOZONa5mfTQVc1WWlRc3Viczg&usp=sharing

O espetáculo escrito por Rita Carelli com colaboração de Marcos Arzua e elenco nasceu de um trabalho de pesquisa e investigação de linguagem teatral a partir do tema “utopia social”, usando como elemento provocador o histórico e os depoimentos dos antigos funcionários da fábrica francesa de relógios LIP. Toda a realização deste espetáculo partiu do princípio da horizontalidade e da autogestão, assim como aconteceu na fábrica francesa

No Coração das Máquinas foi criado a partir da ocupação e depois autogestão por empregados na fábrica de relógios LIP, que funcionou por dois anos sob o controle dos próprios trabalhadores nos anos 70, na França. A peça revive a primeira noite de ocupação da fábrica do ponto de vista de sete funcionárias. Durante esta noite resistindo ao cerco da polícia e lutando por seus empregos, essas mulheres, tão diferentes entre si, vão descobrir as dificuldades e a força de viver uma utopia coletiva. O co–autor Marcos Arzua faz um paralelo contemporâneo sobre o texto: “Podemos lembrar dos valentes e engajados secundaristas que lideraram ocupações de escolas estaduais paulistanas como resposta à política repressiva de forças reacionárias mal disfarçadas, capazes até de espancar brutalmente estudantes e outros manifestantes em passeatas totalmente legítimas. Esses jovens viveram plenamente a mobilização em suas unidades, mas atuaram em rede também, e de forma certeira”. No elenco estão as atrizes Anna Zêpa, Fernanda Viacava, Janaína Suaudeau, Manuela Afonso, Nicole Cordery, Renata Roberta, Samya Enes, Thaia Perez.

O cenário de Amanda Vieira e Ding Musa sugere o depósito de uma fábrica, com suas caixas de material estocado e suas luminárias fabris. A iluminação é feita por diversas fontes de luz, como velas, lanternas e luminárias manipuladas pelas atrizes durante a atuação.  “Aproximamos desta forma o aparato cênico da atuação, ajudando a criar a sensação de que o público encontra-se confinado junto com essas mulheres. O som, invocando constantemente o cerco da polícia do lado de fora, nos lembra a todo instante a sensação de perigo e anormalidade”. Completa a diretora.

A peça também traz interlúdios de teatro de sombras: tratam-se dos sonhos das operárias em seus breves períodos de sono durante esta agitada noite de ocupação. Daniel Maia é responsável pela música original, os figurinos foram criados por Valentina Soares e Alex Casimiro, o vídeo é assinado por Amandine Goisbault e o Coletivo Ocupe a Cidade a cuidou de parte gráfica do espetáculo, Amanda Vieira assina a direção de arte do espetáculo e Malu Bazan a preparação do elenco.

O espetáculo fala de uma busca por relações horizontais, e a equipe do espetáculo buscou esta horizontalidade também durante o processo de criação. “Sim, nosso processo de criação é exaustivamente democrático! rs. Claro que temos papéis diferentes, mas a criação é profundamente coletiva. As atrizes, principalmente as que estão há mais tempo no projeto, são responsáveis pela concepção de seus próprios personagens. Nós trazíamos alimento de pesquisa sobre o tema e eu assoprava as fagulhas criativas pertinentes que via surgir. Escrevi o texto muito em cima das improvisações das atrizes. Em seguida, eu e Marcos Arzua acrescentamos temas e informações que faltavam para amarrar o conjunto e contextualizar melhor a peça em seu ambiente econômico, político e histórico. Outros parceiros preciosos chegaram nessa etapa final da criação e todos acabam contribuindo para pensar o projeto como um todo, o que é muito gratificante e dá sentido as palavras que são ditas em cena.” Comenta Rita Carelli.

Ficha Técnica
Texto: Rita Carelli em colaboração com Marcos Arzua e elenco. Direção: Rita Carelli. Elenco: Anna Zêpa, Fernanda Viacava, Janaína Suaudeau, Manuela Afonso, Nicole Cordery, Renata Roberta, Samya Enes, Thaia Perez. Música original: Daniel Maia. Assistente de direção: Amanda Vieira. Preparação de elenco: Malú Bazán. Direção de produção: André Canto. Realização: Canto Produções.

Serviço:
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – São Paulo/SP
Estreia dia 15 de abril até 7 de maio – Quintas, sextas e sábados às 20h
Gratuito. Retirar o ingresso 30 minutos antes do espetáculo na bilheteria.
Censura: 12 anos
Duração: 60 minutos
Lotação: 50 lugares

2ª Temporada
Local: Casa do Povo – Rua Três Rios, 252 – Bom Retiro – São Paulo/SP
De 11 de maio até 16 de junho – quartas e quintas, às 20h
Gratuito. Retirar o ingresso 30 minutos antes do espetáculo na bilheteria.

Currículo Canto Produções
Criada por André Canto em 2010, a Canto Produções traz consigo todo o repertório de seu fundador para a área de produções artísticas. Como produtor executivo atuou em empresas como Buriti Filmes e Canal Azul Produções, trabalhando com cineastas de referência como Di Moretti, Kátia Lund, Laís Bodanzky, Lina Chamie, Luiz Bolognesi e Ugo Giorgetti, em trabalhos para cinema e TV. Nas artes cênicas, integrou o Grupo Tapa de Eduardo Tolentino entre 2004 e 2010.

Dentre as peças produzidas pela Canto Produções destacam-se: A Noite das Tríbades, de Per Olov Enquist, com direção de Malú Bazán (eleito o melhor espetáculo da cidade de São Paulo pela Veja São Paulo), Não se brinca com o amor, de Alfred de Musset, com direção da atriz e diretora francesa Anne Kessler, da Comédie-Française, espetáculo produzido em comemoração aos cinquenta anos do Teatro Aliança Francesa, e o espetáculo Dissecar uma Nevasca, de Sara Stridsberg, coprodução Brasil-Suécia, com direção da atriz e diretora sueca Bim de Verdier, com apresentações no SESC Belenzinho entre janeiro e fevereiro de 2015. Atualmente, assina a produção do longa-metragem ficcional Dias Nublados, projeto em coproducão com o Chile, e é parceiro da HomeMadeFilms no documentário Hilda Hilst Pede Contato, sobre a escritora e poeta Hilda Hilst. No teatro está produzindo diversos espetáculos, dentre eles, A Fera na Selva, baseado no romance homônimo de Henry James, com direção da atriz e diretora francesa Anne Kessler.

A Canto Produções também trabalha em parcerias nacionais e internacionais para trazer espetáculos de qualidade a cidade de São Paulo, onde está sediada, e a outras regiões do país.