O DEFUNTO

Foto de Marlise Carvalho

Foto de Marlise Carvalho

Espetáculo “O Defunto” a partir da obra de René de Obaldia, com trilha composta por Arrigo Barnabé, estreia em São Paulo em curta temporada gratuita na Oswald Andrade

A ciadasatrizes estreia o espetáculo ‘O Defunto’ na Oficina Cultural Oswald Andrade dia 11 de fevereiro, às 20h30. Espetáculo foi concebido a partir da obra de René de Obaldia, com provocação cênica e dramatúrgica de Marina Tranjan e Carlos Canhameiro e trilha sonora de Arrigo Barnabé. No elenco, as intérpretes criadoras Talitha Pereira, Tetembua Dandara e Marilene Grama.

“O Defunto” surge a partir da releitura da obra de René de Obaldia, 50 anos após a sua concepção. Nessa montagem, as atrizes optaram pela verticalização das características formais da dramaturgia do Absurdo, ou seja, da fragmentação e desconstrução do drama, criando fissuras pelas quais perspectivas diversas e discordantes podem trespassar.

No texto original de René de Obaldia isso se dá por meio da quebra da lógica linear e do desencontro entre falas/personagens, o que reflete a fissura entre a mentira e a poesia nas histórias contadas pelas personagens. Nessa encenação, esses recursos são radicalizados numa perspectiva pós-dramática, em que a unidade totalizante da forma do drama é substituída por uma composição polifônica em todos os seus níveis de construção.

Duas atrizes e dois músicos dividem o palco, promovendo uma multiplicação de perspectivas poéticas a respeito do material dramatúrgico. Desta forma, cria-se um quadro complexo referente à premissa que o constrói: “Duas mulheres que se encontram para evocar a memória de Vitor, defunto marido de uma delas.”

Para provocar e compor nesse universo de polifonias, foram convidados três artistas contemporâneos que contemplam em seus trabalhos o transpassar das barreiras das linguagens: Arrigo Barnabé, músico, compositor e ator; Marina Tranjan, atriz, dramaturga e diretora; e Carlos Canhameiro ator, dramaturgo e diretor.

PROJETO DRAMAS DE PRINCESAS
O projeto DRAMAS DE PRINCESAS, da ciadasatrizes, contemplado pela 27. Edição do programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, contará com um seminário sobre teatro contemporâneo, feminismo e dramaturgia contemporânea, e com três espetáculos: Epifanias Urbanas, criado em parceria com o Núcleo Mirada; O Defunto com provocação cênica e dramatúrgica de Marina Tranjan e Carlos Canhameiro e trilha composta por Arrigo Barnabé; e no final de 2016 a estreia do texto inédito de Elfried Jelinek Dramas de Princesas com direção de Maria Tendlau.

Sobre ciadasatrizes
Em 2015, a ciadasatrizes completou sete anos de atividades na cidade de São Paulo, iniciadas em 2008 com o processo de criação do espetáculo As alegres comadres – entre, coma, sinta-se em casa (livremente inspirado na obra de William Shakespeare, e com direção de Thiago Antunes) como parte do projeto 100, realizado em parceria com o Núcleo HANA e contemplado pela XII edição do Fomento para a cidade de São Paulo, estreando em 2009 no Teatro Sergio Cardoso.

Desde então, vem pesquisando poeticamente o lugar da mulher em nossa sociedade e no próprio teatro, em constante fricção com a história da dramaturgia e das representações cênicas. Nesse percurso, abordou textos de dois dramaturgos (homens) sobre o universo feminino: além das Alegres comadres de Windsor de Shakespeare, encenou ainda O defunto, de René de Obaldia, em que duas mulheres falam sobre o marido morto de uma delas. Nos dois casos, tratou-se de opor à visão dos autores originais uma encenação de forte caráter performativo, que propusesse uma desconstrução das formas dadas a partir da perspectiva atual das atrizes, ou seja, uma perspectiva necessariamente feminina, ainda que não centrada em um discurso feminista. Já na obra de intervenção Epifanias Urbanas, criada em parceria com o Núcleo Mirada, o grupo buscou explorar o feminino não a partir do campo textual, mas do imagético, encarnando estranhas figuras que erravam pela cidade atraindo olhares e questionamentos.
Seguindo nessa linha, o grupo deparou-se recentemente com a obra dramatúrgica da austríaca Elfriede Jelinek, ganhadora do Nobel, e sem dúvida uma das mais importantes escritoras da atualidade. Embora sua oportunidade de explorar uma escrita fundamentalmente feminina e feminista, uma poética absolutamente original e provocadora que enfrenta de modo único e radical, calcado num trabalho de excelência linguística incomparável, a dominância masculina histórica e ainda atual.

Ficha Técnica – O Defunto :
Concepção: CiadasAtrizes
Provocação Cênica e Dramatúrgica: Marina Tranjan e Carlos Canhameiro
Trilha : Arrigo Barnabé
Intérpretes-criadoras: Talitha Pereira, Tetembua Dandara e Marilene Grama
Músicos: Daniel Muller e Rui Barossi
Fotografia: Marlise Carvalho
Iluminação : Daniel Gonzalez
Cenografia : José Valdir
Produção: Tetembua Dandara e Thais Rossi
Site: www.ciadasatrizes.com

Serviço
O Defunto
De 11 a 27 de fevereiro
De Quinta à Sábado às 20h30
Local : Oficina Cultural Oswald Andrade
Rua Três Rios, 363
Entrada Gratuita