Muitas ondas são o mar

Criado por oito artistas de ascendência okinawana e japonesa, Muitas Ondas São o Mar propõe reflexão sobre os corpos, a ancestralidade e a criação

Com dramaturgia de Carla Kinzo e direção de Key Sawao, espetáculo estreia no dia 11 de agosto na Oficina Cultural Oswald de Andrade e, depois disso, tem mais duas apresentações na Fábrica de Cultura Brasilândia

Crédito: Joelma do Couto

As ideias de corpo como uma manifestação do espaço-tempo de memória e da ancestralidade como um espaço compartilhado são exploradas pela peça Muitas Ondas São o Mar, com texto de Carla Kinzo e direção de Key Sawao. O espetáculo tem sua temporada de estreia na Oficina Cultural Oswald de Andrade, entre os dias 11 a 26 de agosto, e, depois disso, tem duas apresentações na Fábrica de Cultura Brasilândia, no dia 5 de setembro. 

O trabalho reúne oito artistas com ascendência de Okinawa e outras cidades do Japão em um processo de criação colaborativo. O elenco é formado por Bárbara Arakaki, Camilla Aoki, Carla Passos, Lígia Yamaguti, Lina Tag e Renata Asato. 

A ideia é lançar um olhar sobre corpos únicos e múltiplos que compartilham um espaço comum (esse território, nesse tempo) para pensar a ancestralidade, criação e identidade nos dias de hoje. Para a diretora Key Sawao, essa reflexão leva em consideração a noção de corpo como espaço e tempo ao mesmo tempo. 

“Eu sou uma artista do corpo e movimento, e foi a partir daí que começamos nosso processo juntes. Então, assim como a palavra percorre a memória, a memória percorre o corpo, tudo é contido e contém esses cruzamentos. E seguimos com um olhar assim para o corpo, como o espaço tempo da memória e suas atualizações, e como esse processo pode afetar e modular a experiência cênica”, explica Sawao sobre a investigação.

Sobre esse processo criativo, a dramaturga Carla Kinzo comenta: “No começo do processo tivemos encontros diários pra nos conhecermos mesmo. Foi um começo bastante calcado no depoimento, em que falamos muito da relação (e do estranhamento) que temos em relação às ascendências uchinanchu e japonesa. Quando a Key chegou, foi a etapa de silenciar e experimentar tudo isso em outro lugar: no espaço, no corpo”.

A cenografia e os figurinos do trabalho são assinados pela premiada artista nipo-brasileira Telumi Hellen. “O cenário é um espaço claro na cor crua, aparentemente árido, no qual, no simples, trazemos a valoração das personagens que performam, num lugar que valoriza figura, fundo e as memórias. Isso potencializa o que devemos amar e respeitar, como um ikebana, pulsante de vida na aparência estática, porém para os olhos mais afinados, o deleite e o prazer da pulsação viva. As personagens transitarão performando neste lugar de cor crua, atravessando a iluminação que altera a atmosfera por onde elas queiram estar presentes em vida, onde quiserem e como quiserem na dança da poética”, conta.

“A proposta de colocar em cena o elenco formado por seis artistas como protagonistas de suas próprias histórias, livre de estereótipos, faz parte de uma luta (dentre várias) que o Coletivo Oriente-se se propõe e vem com muito mais projetos por aí. Queremos romper com esse status-quo de preconceitos, discriminações, fetichização e exotização que nós artistas amarelos sofremos nas artes cênicas e no audiovisual”, explica Rogério Nagai, diretor de produção e coordenador do projeto. 

O espetáculo é parte integrante do projeto “Oriente-se: amarelos em cena” contemplado pela 40° Edição da Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, com realização do Coletivo Oriente-se e Nagai Produções. 

Ficha Técnica

Dramaturgia: Carla Kinzo.

Direção: Key Sawao.

Assistência de direção: Beatriz Sano.

Elenco: Bárbara Arakaki, Camilla Aoki, Carla Passos, Lígia Yamaguti, Lina Tag, Renata Asato.

Espaço Cênico e Figurinos: Telumi Hellen.

Trilha Sonora: Dudu Tsuda.

Luz: Paula da Selva.

Colaboração Artística: Rodrigo Bolzan.

Produção executiva: Amanda Andrade.

Direção de produção e coordenação geral: Rogério Nagai.

Fotografia: Joelma do Couto.

Mídias sociais: Lol Digital.

Comunicação visual: Pethra Ubarana.

Realização: Coletivo Oriente-se, Nagai Produções e Secretaria Municipal de Cultural – Lei de Fomento ao Teatro.

Sinopse

Reunindo artistas com ascendência de Okinawa e do Japão em um processo de criação colaborativo, o espetáculo é um olhar sobre corpos únicos e múltiplos, que compartilham um espaço comum, para pensar ancestralidade e criação hoje.

Serviço

Muitas Ondas São o Mar

Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363, Bom Retiro

Quando: 11 a 26 de agosto, de quarta a sexta, às 19h30, e aos sábados, às 15h e às 18h

Ingressos: Gratuitos, distribuídos uma hora antes de cada apresentação no local

Classificação: Livre

Duração: 70 minutos

Acessibilidade: Sala acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.

Fábrica de Cultura Brasilândia – Avenida General Penha Brasil, 2508, Brasilândia

Quando: 5 de setembro, às 10h e às 20h

Ingressos: Gratuitos, distribuídos uma hora antes de cada apresentação no local.