Broken Cake

Ana Guasque discute o abuso sexual infantil no solo Broken Cake – O Lar das Memórias Partidas, que estreia em julho no Sesc Pinheiros

Espetáculo busca estimular o debate na sociedade sobre todas as formas de violência contra crianças e adolescentes e a necessidade de quebrar os silêncios

Broken Cake, teatro, Ana Guasque
Crédito: Ary Brandi

“O medo era o meu companheiro mais fiel. Medo de apanhar, medo da fome, do frio, medo das mãos masculinas que vinham procurar meu corpo de criança durante as madrugadas. Medo da mão que percorria minhas pernas (…). Tinha pavor de fechar os olhos e dormir” – trecho do texto

O Brasil está entre os países com maiores índices de abuso sexual infantil no mundo. Só entre 2015 e 2021, o país registrou 202,9 mil casos de violência contra crianças e adolescentes, o equivalente a quase 80 casos por dia, segundo boletim publicado pelo Ministério da Saúde.  E, diante dessa triste realidade, Ana Guasque convida o público a refletir sobre esse tema no solo Broken Cake – O Lar das Memórias Partidas.

Escrito, dirigido e atuado pela artista, o espetáculo estreia em 6 de julho no auditório do Sesc Pinheiros, onde segue em cartaz até o dia 29 do mesmo mês, com sessões de quinta a sábado, às 20h.

O título do trabalho faz uma referência ao símbolo do bolo como algo doce que nos remete à infância e à sensação de conforto, de acolhimento e segurança de um lar. Também representa as próprias crianças em seu processo de crescimento e aprendizado, com seus afetos e vínculos.

“Já uma figura de um ‘bolo quebrado’ representa todos os conceitos e valores de proteção e segurança quebrados, resultando em um ser humano que carregará as sequelas destas violências pelo resto de sua vida”, explica a atriz, diretora e autora do espetáculo.

A peça acompanha a conversa entre uma mulher e sua irmã, depois de um logo tempo sem se ver. Enquanto elas comem um pedaço de bolo, revelam situações traumáticas, de abusos e violências diárias, que ambas viveram na infância. 

Temáticas importantes são abordadas, buscando o entendimento do que não pode, em hipótese alguma, ser aceitável em uma sociedade. A ideia é estimular o público a romper com o silencio e a denunciar casos de violência.

“Certa vez, ouvi que o abuso sexual infantil no Brasil era uma prática cultural. Confesso que isso me deixou em choque e, desde então, o tema martela minha cabeça e meu corpo. Como uma profissional da cultura, sinto-me na obrigação e no dever de batalhar para mudar este paradigma, começando por falar sobre o assunto. Só quebrando o silêncio iremos conseguir trazer luz para este tema tão delicado e necessário”, diz Guasque.

“Proteger as crianças e adolescentes é um dever de todos nós! É dever da família, do Estado, da sociedade. Esperamos que este espetáculo possa contribuir para quebrar tabus, acender debates, estimular denúncias e principalmente fomentar mudanças”, acrescenta.

Sinopse:
Uma mulher conversa com a irmã após um longo tempo. Enquanto comem bolo são reveladas situações traumáticas que ambas viveram na infância, abusos e violência diárias. As irmãs debatem sobre as perversidades de um contexto familiar adoentado, que “quebra o bolo”

Sobre Ana Guasque
Atriz, bailarina, diretora, escritora e produtora cultural, Ana Guasque é formada pela Escola de Arte Dramática da USP, é natural de Porto Alegre, onde já tinha carreira consolidada no teatro e na dança desde 1995, quando em 2006 mudou-se para São Paulo. Foi duas vezes indicada Melhor Bailarina do RS, pelo Prêmio Açorianos de Dança e tem diversos espetáculos de dança e teatro no currículo. É autora do livro Victória, Uma saga italiana no interior do Rio Grande. No teatro, seus trabalhos mais recentes foram: Amores do Palco, no qual também assinou a direção do espetáculo, Mulheres de Shakespeare, em que é atriz, idealizadora e coordenadora do projeto; Vamos Falar de Amor, com direção de Grace Gianoukas, A Bruxa Morgana Contra o Infalível Senhor do Tempo, com Rosi Campos, e “A Noiva de Cristal”. Na televisão, participou das novelas Jesus, na TV Record, e A Força do Querer, Boogie Oogie, Sete Vidas e Haja Coração, na Rede Globo de Televisão. Na pandemia, lançou o curta de vídeo dança Esgotamento, Esgotado… em parceria com a Geda Cia de Dança, recendo o Prêmio Funarte RespirArte. Atualmente está estreando Broken Cake – O Lar das Memórias Partidas no Sesc Pinheiros, espetáculo de criação autoral; dirigiu o curta-metragem Rastro e realizou o projeto Dança Para Todos através do ProAC, assumiu a direção do espetáculo Mulheres de Shakespeare que contracenará com Rosi Campos e abriu o Ballet Ana Guasque, na Rua Pio XI 431, no bairro Alto da Lapa em São Paulo, com aulas de ballet clássico e dança contemporânea para crianças, jovens e adultos. É estudante do 5º semestre de Direito nas Faculdades Integradas Campos Salles.Ficha Técnica
Texto, direção e interpretação: Ana Guasque
Trilha Sonora: Rodrigo Bragança
Iluminação: Mário de Castro
Cenografia: Augusto Vieira e Samara Pavlova
Concepção de Figurino: Ana Guasque
Confecção de Figurino: Judite de Lima
Operação de Som: Cauê Andreassa
Fotografias: Ary Brandi
Identidade Visual: Gabriela Cima
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Produção: Ana Guasque Artes & Entretenimentos

Serviço
Broken Cake – O Lar das Memórias Partidas, de Ana Guasque
Temporada: 6 a 29 de julho, de quinta a sábado, às 20h
Sesc Pinheiros – Auditório, 3°andar   – Rua Paes Leme, 195, Pinheiros
Ingressos: R$30 (inteira), R$15 (meia-entrada) e R$10(credencial plena)
Venda online em sescsp.org.br a partir do dia 27/6, às 17h. Nas bilheterias do Sesc a partir do dia 28/6, às 17h
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos
Capacidade: 98 lugares
Acessibilidade: teatro acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.

Denuncie todo caso ou suspeita de violência e/ou abuso sexual contra crianças e adolescentes pelo Disque 100 (denúncia anônima).

Outros canais de denúncias:
Polícia Miliar – 190: quando a criança está correndo risco imediato
Samu – 192: para pedidos de socorro urgentes
Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres
Qualquer delegacia de polícia
Conselho tutelar: todas as cidades possuem conselhos tutelares.