Moscou Para Principiantes

Inspirado em diálogos de ‘As Três Irmãs’, de Anton Tchekhov, Moscou para Principiantes está em cartaz no TUSP

Com texto e direção de Aline Filócomo, peça propõe reflexão sobre os sentidos do trabalho nos dias de hoje. Elenco traz as atrizes Natacha Dias, Paula Arruda e Rita Grillo

Crédito: MaGon. Baixe aqui mais imagens

Depois de uma versão como experimento online, Moscou para Principiantes, escrito e dirigido por Aline Filócomo, integrante da Cia Hiato, segue em cartaz no TUSP – Teatro da USP até 18 de setembro, com sessões de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 18h. A peça, que explora diálogos do clássico “As Três Irmãs”, de Anton Tchékhov (1860-1904), ​desenvolve uma discussão sobre o universo do trabalho no nosso tempo.

O texto, publicado em outubro de 2020 pela Editora Javali, recorre à transcrição poética de uma série de conversas promovidas em dois núcleos de mulheres: três artistas de teatro e um grupo de aposentadas da terceira idade. O elenco é formado pelas atrizes Natacha Dias, Paula Arruda e Rita Grillo.

A ideia de montar a peça surgiu em 2015, quando Aline Filócomo conversava com três atrizes sobre seus trabalhos. “Naquela reunião reconhecemos o fim de certas expectativas até então cultivadas sobre a nossa profissão e, a urgência de reprogramar os nossos rumos profissionais e de reinventar os anseios pessoais. Foi quando começamos a perceber grandes semelhanças entre a nossa conversa e a peça de Tchekhov”, revela a diretora.

“Nós estávamos discutindo um novo projeto artístico do mesmo modo como Olga, Macha e Irina sonhavam em ir para Moscou. Como acontecia com as personagens tchekhovianas, sentíamos que a passagem do tempo nos impunha o confronto com as máscaras sociais impostas e a necessidade de as superarmos. Viver, trabalhar e criar ainda são palavras à espera de um novo sentido, ainda desconhecido”, acrescenta Filócomo.

Em resposta a essa inquietação, surgiu Moscou para Principiantes, que discute, de forma provocativa e bem-humorada, os sentidos atuais do trabalho, relacionando o tema a questões como desejo e capacidade de criação de outras realidades possíveis. E, tanto na dramaturgia como na direção, instalam-se espaços de erro e incompletude, que também se associam a nossa atual dificuldade de compreensão das alteridades. 

O espetáculo tangencia poeticamente discussões importantes do atual momento político e social brasileiro, quando cada vez mais a existência é estritamente associada à capacidade humana de produzir: o tempo é transformado em matéria consumível, e o ataque generalizado à arte e à cultura anula o direito à criação e à contemplação. 

“Temos a sensação de que hoje em dia não basta sobreviver do trabalho, como nos dizem recorrentemente a sociedade e uma das personagens da peça russa. É necessário sobreviver ao trabalho. Dizem que é preciso trabalhar, produzir e reproduzir. Mas a partir de quê? Para quem? E produzir o quê? O que resta quando isso tudo se acaba?”, filosofa a encenadora sobre questões que nortearam a criação da dramaturgia.

Outra referência importante para a encenação são as figuras das matrioscas, as famosas bonecas russas de diferentes tamanhos que vão se encaixando uma dentro da outra e remetem à imagem da mulher fértil. A própria linguagem da peça opera por um jogo de tentativa e erro na construção e desconstrução dos pontos de vista de três figuras que transitam entre ficções e realidades variadas.

Como as muitas camadas da boneca russa, ora aparecem em cena as personagens Olga, Macha e Irina, de As Três Irmãs; ora são três idosas resgatando suas memórias; ora são as próprias atrizes, que devaneiam imaginando quais seriam as suas pequenas “moscous”. 

E até a estrutura do espetáculo, que transita entre cinema, teatro e instalação, e os figurinos, compostos por peças e adereços sobrepostos, remetem a essas figuras cheias de camadas das matrioscas.

Sobre o trabalho com o elenco, a diretora antecipa: “As três atrizes têm o verbo como condutor da ação. A tentativa de traduzir em palavras, frases e sentidos o ritmo frenético dos seus pensamentos ocupa espaço e produz movimento na cena. Além disso, elas experimentam deslocamentos de linguagem: falas sobrepostas, delays, hiatos de memória e repetições incessantes.”

Sobre Aline Filócomo

Atriz, diretora e dramaturga, Aline Filócomo é graduada em Artes Cênicas pela ECA-USP. É também co-fundadora e integrante da Cia Hiato, com a qual criou e atuou nos espetáculos Cachorro Morto, Escuro, O Jardim, Ficção, 02 Ficções, Amadores e Odisseia. 

Como atriz, também integrou o elenco do Centro de Pesquisa Teatral do SESC, coordenado por Antunes Filho, com o qual criou e atuou no Prêt-à-Porter 8; e participou da turnê internacional da montagem francesa Le Retour au Désert, da Compagnie Dramatique Parnas, dirigida por Catherine Marnas. Fez preparação de elenco do espetáculo O Silêncio Depois da Chuva, dirigido por Leonardo Moreira, em cartaz no SESI-SP. Em 2020, recebeu um prêmio de dramaturgia e sua peça Moscou para Principiantes foi publicada pela Editora Javali.

Sinopse

Moscou para Principiantes discute, de uma forma provocativa e bem-humorada, os sentidos atuais do trabalho relacionando o tema a questões como desejo e capacidade de criação de outras realidades possíveis. O texto, publicado pela Editora Javali, recorre à transcrição poética de uma série de conversas promovidas em dois núcleos de mulheres, três artistas de teatro e um grupo de aposentadas da terceira idade, com procedimentos livremente inspirados nos diálogos de “As Três Irmãs”, de Anton Tchekhov.

Ficha técnica:

Direção e Dramaturgia: Aline Filócomo 

Elenco: Natacha Dias, Paula Arruda e Rita Grillo 

Produção: Aura Cunha

Produção Executiva: Yumi Ogino

Cenário e Iluminação: Marisa Bentivegna 

Figurino: Anne Cerutti 

Projeção: Grissel Piguillem

Trilha Sonora: Kuki Stolarski

Direção de Movimento: Fabrício Licursi

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Programação Visual e Fotos: MaGon

Serviço

Moscou para Principiantes, de Aline Filócomo

Temporada: 13 de agosto a 18 de setembro, de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 18h

TUSP – Teatro da USP – Rua Maria Antônia, 294, Consolação

Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada)

Vendas online em Sympla 

Bilheteria 1h antes do espetáculo (R$20 e R$10)
Classificação: Livre 

Duração: 55 minutos 

Logotipo

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Pombo Correio Assessoria de Comunicação 

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