COLETIVO DE GALOCHAS

Coletivo de Galochas celebra 10 anos de existência com uma Ocupação no Espaço Cia. da Revista

Mostra reúne os espetáculos Mau Lugar e Piratas de Galochas, além de instalação no hall do teatro, cineclube e oficina

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Créditos para Leonardo Fernandes

Para comemorar seus 10 anos de trajetória, o Coletivo de Galochas ocupa o Espaço Cia. da Revista, entre os dias 7 e 29 de março, com uma programação especial composta pelos espetáculos Mau Lugar e Piratas de Galochas, por uma oficina teatral, um cineclube e uma ocupação no hall do teatro.

O tema do suicídio como um ato de resistência é discutido em Mau Lugar, dirigido por Daniel Lopes, com apresentações nos dias 7, 8, 14 e 15 de março. A peça narra uma realidade distópica na qual uma onda de suicídios toma conta da cidade, e, em resposta a isso, o Estado – dominado por corporações e milícias – torna esse ato um crime hediondo, com violentas punições aos familiares de quem tirou a própria vida.

Entre as muitas formas possíveis de controle, nesta sociedade ele se dá através do consumo obrigatório do remédio da felicidade: qualquer insatisfação ou resistência não será tolerada. Diante dessa realidade, a gerente de fábrica Lúcia vê sua vida virar de cabeça para baixo após o suicídio de sua filha.

Com trilha sonora tocada ao vivo, a peça cria uma reflexão sobre as seguintes questões: como compreender o suicídio nessa realidade? Este é um ato de desespero ou desobediência? Esta é uma forma de desistir da vida ou resistir à opressão? É uma rendição ou recusa a ela?

O espetáculo estreou em 2017 no Espaço de Galochas e cumpriu duas novas temporadas no TUSP em 2018 e no Teatro de Arena Eugênio Kusnet em 2019.

Já a peça Piratas de Galocha, encenada nos dias 21, 22, 28 e 29 de março, estabelece um diálogo entre a pirataria clássica e o movimento social de luta por moradia. A comédia narra a saga de uma tripulação de piratas que ocupa a Ilha de Providence, liderada pelo capitão Willie William Will o’Well. Nesse lugar, eles fundam a bem-sucedida Federação de Piratas, mas, em pouco tempo, a Coroa Inglesa encontra problemas no aumento vertiginoso de bucaneiros.

O espetáculo estreou em 2011 e foi criado dentro da Ocupação Prestes Maia, a maior ocupação vertical da América Latina. A ideia da montagem é atritar, a partir de um universo ficcional, os elementos simbólicos que constituem uma ocupação; além de debater em cena os elementos que gerem o imaginário e a organização desse movimento social por moradia.

A dramaturgia pretende enfocar as imposições do poder instituído e as possibilidades da autonomia. As cenas recortam, sobretudo, as dificuldades de viabilizar um processo de ocupação. Os assuntos, em meio às gags, construções farsescas, brigas e quedas, giram em torno do direito à violência, das possibilidades de autonomia de ação, das contingências impostas a determinados setores mais pobres da sociedade. A peça pretende, sobretudo, mostrar as dificuldades de se resistir.

As coreografias e trilha sonora da peça seguem a estética do hip hop, com beats e bases inspiradas no RAP, com uma batida-tema para cada personagem. Toda a trilha sonora, que incluí quatro músicas cantadas ao vivo, é 100% autoral, desenvolvida ao longo do processo de pesquisa e montagem da peça.

Sobre o Coletivo de Galochas

Coletivo de Galochas é um grupo de teatro da cidade de São Paulo criado em 2010, a partir de um projeto de conclusão de curso de Direção Teatral da Universidade de São Paulo, com a peça “Zucco”. Em seu segundo trabalho, o coletivo ultrapassa os muros da universidade e passa a habitar por um ano a maior ocupação de moradia vertical da América Latina, a Ocupação Prestes Maia, localizada em São Paulo, realizando neste processo a peça “Piratas de Galochas” (2011) e colaborando para o estabelecimento de um núcleo cultural na ocupação, através da realização de oficinas de teatro e mediação de leitura.

O terceiro trabalho do Coletivo de Galochas, “Revolução das Galochas” (2014), realizado a partir do Proac Primeiras Obras, apresenta um Brasil não muito distante, em que trabalho, consumo e controle assumem a dianteira, acontece como espetáculo itinerante da Praça Princesa Isabel, seguido de uma ampla circulação por diversas regiões da cidade.

Em 2016 o grupo é contemplado na 28ª Edição da Lei de Fomento ao Teatro para Cidade de São Paulo com o projeto “Refugiados de Galochas”, que possibilita a montagem do seu primeiro infantil, “Cantos de Refúgio”, construído a partir da vivência do grupo com refugiadas e refugiados sírio-palestinos que vivem na Ocupação Leila Khaled. A peça foi pré-indicada ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem.

Em 2020, o grupo completará 10 anos de trabalho continuado, consolidando-se como um grupo de atuações político-poéticas, com galochas que caminham por toda a cidade: escolas, museus, ocupações, teatros, ruas, universidades ou vielas.

SERVIÇO
Ocupação do Coletivo de Galochas
Espaço Cia. da Revista – Alameda Nothmann, 1135, Santa Cecilia
Temporada: 7 a 29 de março, aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h
Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada)
Informações: (11) 3791-5200
Capacidade: 82 lugares

MAU LUGAR – 7, 8, 14 E 15 DE MARÇO

Sinopse: Uma onda de suicídios toma conta da cidade. Como resposta, o Estado, controlado por corporações e empresários, torna o suicídio crime hediondo, com violentas punições aos familiares de quem comete tal ato. Lúcia, uma gerente de fábrica, vê sua vida se transformar após o suicídio de sua filha.

Ficha Técnica
Criação: Coletivo de Galochas
Direção: Daniel Lopes
Elenco: Diego Henrique, Kleber Palmeira, Marina Di Giacomo, Natália Quadros, Rafael Presto, Wendy Villalobos
Dramaturgia: Antonio Herci e Rafael Presto
Direção Musical e Sonoplastia: Antonio Herci
Iluminação: Mariana Queiroz e Rafael Presto
Cenografia e Bonecos: Daniel Lopes, Diego Henrique e Kleber Palmeira
Figurinos: Mariana Queiroz e Roanne Aragão
Piano preparado: Antonio Herci
Contrabaixo acústico: Miguel D’Antar
Preparação Corporal: Gabriela Segato
Danças Urbanas: Andrezinho
Fotos: Daniel Lopes, Juvenal Pereira e Leonardo Fernandes

Classificação: 16 anos
Duração: 80 minutos

PIRATAS DE GALOCHAS – 21, 22, 28 E 29 DE MARÇO
Sinopse: Nessa comédia da piratas, uma tripulação ocupa a Ilha de Providence, liderados pelo Capitão Willie William Will o’Well, e fundam uma Federação de Piratas. A Federação é um sucesso, e em pouco tempo a Coroa Inglesa se vê em problemas pelo aumento vertiginoso de bucaneiros. A peça busca um intercâmbio entre a pirataria e o Movimento de Ocupação de moradia.

Ficha Técnica
Criação: Coletivo de Galochas
Direção: Rafael Presto
Elenco: Daniel Lopes, Diego Henrique, Kleber Palmeira, Nina Hotimsky, Mariana Queiroz, Wendy Villalobos
Dramaturgia: Rafael Presto
Direção Musical e Sonoplastia: Antonio Herci
Iluminação: Rafael Presto
Cenografia e Figurinos: Coletivo de Galochas
Danças Urbanas: Andrezinho
Fotos: Leonardo Fernandes

Classificação:  14 anos
Duração: 75 minutos