AS MÃOS SUJAS
Com direção de José Fernando Peixoto de Azevedo, As Mãos Sujas reestreia no CCSP dia 7 de fevereiro
A partir da obra de Jean-Paul Sartre, espetáculo propõe uma reflexão sobre a política, o indivíduo e o coletivo e adota recursos cinematográficos inspirados pelo filme Terra em Transe, de Glauber Rocha
Crédito: Padu Palmeiro. Baixe aqui mais imagens de divulgação
“Os personagens (interpretados por um elenco afiado) representam facetas distintas de um mundo tão complexo quanto inconciliável. Mostram-se ao mesmo tempo culpados e vítimas ao defenderem pontos de vista distintos, amplificados na montagem pelo uso da linguagem cinematográfica e musical — através da projeção de imagens em P&B captadas em tempo real, além de canções executadas ao vivo” (trecho da crítica de Gabriela Mellão para a BRAVO!)
Depois de uma bem-sucedida temporada no Sesc Ipiranga, a versão de José Fernando Peixoto de Azevedo para As Mãos Sujas, do filósofo, crítico e escritor Jean-Paul Sartre (1905-1980), reestreia no dia 7 de fevereiro no CCSP – Centro Cultural São Paulo. O elenco traz Gabriela Cerqueira, Georgina Castro, Paulo Balistrieri, Paulo Vinícius, Rodrigo Scarpelli, Thomas Huszar e Vinicius Meloni, além do músico Ivan Garro e do câmera Yghor Boy.
A montagem, que foi indicada ao prêmio APCA 2019 (Associação Paulista de Críticos de Arte) nas categorias de melhores espetáculo e ator, conta a história de um jovem intelectual que decide matar o líder de seu partido após este propor uma aliança com conservadores.
A encenação de Azevedo estabelece diálogo entre o teatro e o cinema, à medida que imagens captadas ao vivo por uma câmera são projetadas em um telão que é posicionado em vários lugares no palco. “Em seus deslocamentos espaciais, a câmera de fato contracena com os atores. Ela assume uma função de saturar as suas presenças e intensificar planos”, conta o diretor.
A escolha por esses recursos cinematográficos é inspirada no filme Terra em Transe, uma das obras-primas do cineasta Glauber Rocha, lançada em 1967, cuja estética também inspirou os figurinos e as músicas executadas ao vivo por Ivan Garro. A trilha sonora sobrepõe sonoridades presentes no filme a outras que foram pensadas a partir do texto de Sartre.
José Fernando Peixoto de Azevedo conta que o desejo de montar esse texto surgiu há mais de uma década, em meio a pesquisas feitas em conjunto com a companhia Teatro de Narradores (1997-2016) sobre engajamento político nas artes, que comtemplava textos do francês, de Glauber Rocha, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht e do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini.
O espetáculo elabora o que o diretor nomeia como “deslizamentos temporais”, de modo que a cena transita entre 1943 (ano em que Sartre situa a ação), o presente e interrogações a um futuro próximo. Com esses deslizamentos temporais, a peça discute questões como o conceito de um partido político, o sentido e as consequências das alianças com forças conservadoras e guerra ideológica que vivemos nos dias de hoje.
O diretor complementa que a reflexão também se estende para as condições que o engajamento político impõe a um indivíduo. “Quais são as alianças necessárias para a sobrevivência da esquerda e qual é a real necessidade disso?”, questiona-se.
Sobre José Fernando Peixoto de Azevedo
Zé Fernando, como é conhecido, é professor na Escola de Arte Dramática, no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas e no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Estudou cinema, possui graduação e doutorado em Filosofia pelo Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde defendeu tese sobre o teatro do dramaturgo alemão Bertolt Brecht.
Atua como pesquisador nas áreas de história e estética do teatro brasileiro e do teatro negro, além de estética e filosofia contemporânea. Foi fundador, dramaturgo e diretor do Teatro de Narradores e é colaborador do grupo de teatro negro Os Crespos. Atua também como curador. Dirigiu recentemente o espetáculo Navalha na Carne Negra e publicou, pela editora n-1, o volume da coleção Pandemia intitulado Eu, um crioulo e pelas editoras Cobogó/Sesc como co-organizador, o livro Maratona de Dramaturgia.
SINOPSE
Hugo é um jovem intelectual burguês que se engaja no Partido Comunista numa região ocupada pelo inimigo fascista. O líder do partido, Hoederer, propõe uma aliança com partidos conservadores, contra o ocupante. Seus companheiros se opõem a essa política de alianças e sua linha conciliatória e decidem eliminar o líder. Para tal tarefa convocam Hugo, como condição para sua legitimação no coletivo, numa espécie de ‘batismo de fogo’. Anos depois, já fora da prisão, Hugo depara-se com os desdobramentos da política do partido.
FICHA TÉCNICA
Texto: Jean-Paul Sartre
Dispositivo de Cena e Direção Geral: José Fernando Peixoto de Azevedo
Assistente de Direção: Murilo Franco
Tradução: Homero Santiago
Elenco: Gabriela Cerqueira, Georgina Castro, Paulo Balistrieri, Paulo Vinícius, Rodrigo Scarpelli, Thomas Huszar e Vinicius Meloni
Direção Musical: Guilherme Calzavara
Desenho de som e sonoplastia: Ivan Garro
Música em Cena: Ivan Garro, Rodrigo Scarpelli e Thomas Huszar
Câmera em Cena e Edição: Yghor Boy
Iluminação: Guilherme Bonfanti
Operação de Luz: Guilherme Soares
Figurino: Marcelo Leão e José Fernando Peixoto de Azevedo
Assessoria para o Trabalho de Voz: Mônica Montenegro
Consultoria teórica: Franklin Leopoldo e Silva
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção: Corpo Rastreado
SERVIÇO
“As Mãos Sujas”, de Jean-Paul Sartre
CCSP – Centro Cultural São Paulo – Rua Vergueiro, 1000, Paraíso
Temporada: 7 de fevereiro a 1º de março
Às sextas, aos sábados e aos domingos, às 20h
NÃO HAVERÁ SESSÃO NOS DIAS 21,22 E 23/02
Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada)
Bilheteria: de terça a sábado, das 13h às 21h30; e aos domingos, das 13h às 20h30
Informações: (11) 4000-1139
OU PELO SITE
https://www.sympla.com.br/corporastreado
Capacidade: 321 lugares.
Duração: 180 minutos.
Classificação: 14 anos.