O HOMEM TRAVESSEIRO
Drama policial O Homem Travesseiro, do inglês Martin McDonagh tem nova temporada na Giostri Livraria Teatro a partir de setembro
Dirigida por Kleber di Lázzare, peça discute o poder da arte e da liberdade. Elenco traz Anderson Pinheiro, Felipe Oliveira, Reinaldo Rodriguez e Vitor Colli
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Um escritor é chamado pela polícia para explicar a semelhança entre seus contos e assassinatos de crianças que ocorreram na cidade. Esta é a premissa de O Homem Travesseiro, do autor inglês Martin McDonagh, que reestreia na Giostri Livraria Teatro, no dia 7 de setembro. A direção é de Kleber di Lázzare e o elenco conta com Anderson Pinheiro, Felipe Oliveira, Reinaldo Rodriguez e Vitor Colli.
A trama se passa em uma delegacia, onde esse escritor é interrogado por dois detetives sobre a relação dele com os crimes hediondos e o paradeiro de uma criança que ainda está desaparecida. Em um ambiente de regime ditatorial, a peça discute de maneira ácida temas como a violação de direitos e da tolerância.
O texto de Martin McDonagh – indicado ao Oscar 2018 pelo roteiro e direção do filme “Três Anúncios Para Um Crime” – faz cada espectador decidir se considera o que vê absurdo e distante, ou se reflete a realidade de um mundo tão egoísta a ponto de tratar a violência como banalidade.
A montagem ainda mostra o poder da arte. O diretor Kleber di Lázzare afirma que “para todo tipo de violência e opressão, há a arte em resistência. Na luta incansável pela liberdade”. Em meio a globalização, nos tornamos individualistas. Perdemos nosso poder de reflexão e o senso comum domina nossos pontos de vista. E nesse cenário, o papel da arte é ainda mais transformador em nossa sociedade.
PALAVRAS DO DIRETOR
– O que você está tentando nos dizer com esta história?
– Eu não estou tentando dizer nada. É um quebra-cabeças sem solução.
– E qual é a solução?
– Não tem solução. É um quebra-cabeças SEM SOLUÇÃO.
Este diálogo destrincha o texto genial de Martin McDonagh. Ao mesmo tempo em que não nos dá resposta absoluta sobre nada, nos aproxima, possivelmente, da maior e única certeza da nossa existência e das nossas relações. Não existe verdade absoluta. Há questões que nos convidarão a inferir, pensar, refletir, optaremos por algumas respostas, mas nunca teremos a solução.
Existir é complexo. Pensar nos garante a existência, mas nunca a resolução do mistério – ou, como nos coloca McDonagh, a ‘resolução do quebra-cabeças’.
Em cena, um mapa. Espaços comportam elementos simbólicos, com referências da realidade, que nos apontam caminhos. Portas nos convidam a transitar por espaços possíveis das nossas relações, mas não se pode afirmar que o espaço da tortura causará o mesmo horror a todos (para alguns, ali é apenas um playground); o cômodo do arquivo, o espaço simbólico das provas de uma verdade previamente definida, pode nos surpreender ao nos afastar ainda mais da cabeça do mistério; a sala da investigação é apenas o divã de ouvidos preconceituosos e violentos. Um aparelho de vigilância pronto para interferir nas memórias e nas confissões que não se alinhem às suas ‘soluções’. Ele está pronto a ouvir o palatável, mas para o que escapa, há o pau-de-arara ou os eletrodos (sempre limpos, prontos, para que não se perca tempo).
A tortura, o choque, o tiro, não conseguem esperar (e não retrocedem no pensamento).
Para todos eles, existe a ARTE, em resistência. Na luta incansável pela LIBERDADE.
Kleber di Lázzare
SOBRE MARTIN MCDONAGH – AUTOR
Filho de imigrantes irlandeses, Martin McDonagh nasceu em 1970 em Londres, na Inglaterra. Apaixonado por cinema, iniciou sua carreira no teatro. Seus textos são compostos de diálogos bem trabalhados entre personagens que vão até as últimas consequências para conseguir o que desejam. Com humor ácido, seus textos questionam direitos, liberdade, tolerância e violência – características que o acompanham em toda a sua carreira.
Suas primeiras peças formaram a Trilogia Leenane, escrita entre 1996 e 1997, que fala de corrupção, quebra de valores familiares e religião. “O Homem Travesseiro” foi escrita em 2003 e encenada pela primeira vez em Londres, no National Theatre (Cottesloe Theatre), no dia 13 de Novembro de 2003, sob direção de John Crowley. Em 2004, a peça foi vencedora nas premiações Olivier Award, New York Drama Critics Circle Award e Tony Awards.
No cinema, o autor já foi vencedor do Oscar de Melhor Curta Metragem em 2006 e indicado por Melhor Roteiro Original em 2007. Em 2018, o trabalho de McDonagh como diretor e roteirista no filme “Três Anúncios para um Crime” foi premiado no BAFTA e indicado a 7 categorias no Oscar.
SOBRE KLEBER DI LÁZZARE – DIRETOR
Kleber di Lázzare é diretor teatral, dramaturgo, ator, arte educador e jornalista. Atuou em espetáculos como ‘A Felicidade Segundo os Felizes” (2017), sob a direção de Guilherme de Lazzari; “Renasce uma Estrele” (2015), de Euclydes Rocco; “Felizes 30!” (2014), de Eduard Galan, com adaptação de Franz Kepler; “A Tempestade” (2011), de William Shakespeare, sob direção de Marcelo Lazzaratto, entre outros.
Como diretor, entre os mais de 30 espetáculos dirigidos, destacam-se “Mãos Dadas” (2016); “O Fabuloso Mundo das Descobertas” (2015), de Kleber di Lázzare (Prêmio Jovem Brasileiro – 2015); “As Damas de Paus” (2014), de Mara Carvalho; “Felizes 30!” (2014), de Eduardo Galán, adaptação Franz Kepler; “Coisas de Meninos” (2013), Prêmios de melhor Direção, Texto Original e Música Original no Fetacam e no Encut/2013; “Godspell – o musical” (2012/2013), de Stephen Schwartz e John-Michael Tebelak; “MAUÁ-PIRITUBA, o expresso das contradições” (2008/2011), vencedor do Mapa Cultural Paulista/2009 e do Prêmio FUNARTE Artes Cênicas na RUA/2009; “Oh, que delícia de mundo” (2007), livre adaptação de contos de Nelson Rodrigues; “Aquele nosso Hamlet” (2005/2006), livre adaptação de “HAMLET” de Willian Shakespeare; “O Dia em que Jhon Lennon morreu” (2004), de Ricardo Linhares; “A falecida” (2003), de Nelson Rodrigues, no TBC/SP; “As Luluzinhas” (2003), de Emílio Boechat, no TBC/SP; “O Sermão da quarta-feira de cinzas” (1999), de Pe. Antônio Vieira, Prêmio de Melhor Espetáculo, Direção e Música Original; entre outros.
Entre os 14 textos teatrais escritos e encenados, destacam-se “Coisas de Meninos” (2012); “Sobre todas as coisas” (2010); “O dono da Videolocadora” (2009); “Mauá-Pirituba, o expresso das contradições” (2007), entre outros.
SINOPSE
Um escritor é interrogado sobre as semelhanças de seus contos com assassinatos de crianças que ocorreram na cidade. Em meio a provocações e discussões, dois detetives questionam a relação dele com os crimes e tentam localizar uma criança que ainda continua desaparecida.
FICHA TÉCNICA
Texto: Martin McDonagh
Tradução: Felipe Oliveira
Direção: Kleber di Lázzare
Elenco: Anderson Pinheiro, Felipe Oliveira, Reinaldo Rodriguez e Vitor Colli
Produção: Bassanetto Produções
SERVIÇO
O Homem Travesseiro, de Martin McDonagh
Giostri Livraria Teatro – Rua Rui Barbosa, 201 – Bela Vista
Temporada: 7 de setembro a 24 de novembro
Aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h
Ingressos: R$50 (inteira) e R$25 (meia-entrada)
Vendas online: pelo Sympla
Duração: 120 minutos
Recomendação: 14 anos
Capacidade: 50 lugares
Informações: (11) 2309-4102.
GÊNERO – Drama policial, adulto.