RICARDO III OU CENAS DA VIDA DE MEIERHOLD
Dirigida por Clara Carvalho, Ricardo III ou Cenas da Vida de Meierhold, do romeno Matéi Visniec, estreia a segunda temporada no Cacilda Becker de 5 a 27 de outubro, 8 apresentações
Elenco traz Rubens Caribé, Duda Mamberti, Fernanda Gonçalves, Junior Cabral, Livia Prestes, Mara Faustino, Rogério Pércore e Rogério Brito (indicado ao Prêmio Shell de melhor ator pelo papel de Ricardo III)
Espetáculo tem boneco construído pela Cia. Pia Fraus.
Link para download de fotos – Crédito para Luciana Zacarias
Considerado o mais importante representante atual do Teatro do Absurdo, o dramaturgo romeno Matéi Visniec tem mais uma de suas peças montadas pela diretora e atriz Clara Carvalho, que dirigiu recentemente Condomínio Visniec (2019) e codirigiu A Máquina Tchekhov (2015) ao lado de Denise Weinberg. Trata-se de Ricardo III ou Cenas da Vida de Meierhold, idealizado e produzido por Livia Prestes, com re-estreia marcada para 5 de outubro, no Teatro Cacilda Becker, temporada até o dia 27 de outubro, sábados e domingos.
Na trama, o consagrado diretor russo Meierhold (1874-1940), inventor da Biomecânica e membro do Teatro de Arte de Moscou, tenta encenar a peça “Ricardo III”, de William Shakespeare (1564-1616). Durante a montagem, ele tenta dirigir a peça e entender o que se passa na própria cabeça, mas é constantemente censurado por personagens políticos, familiares e fantasmas presentes em sua mente.
Da tentativa de concluir a encenação do clássico shakespeariano, nasce o filho do diretor russo: um boneco de manipulação que é o próprio Ricardo III. Até mesmo essa criatura animada desaprova a direção do pai. Meierhold acaba sendo preso por conta de um ato audacioso do filho, e a peça é finalmente cancelada.
O boneco manipulado em cena foi criado por Beto Andreta, da premiada Cia. Pia Fraus, que trabalha com teatro de bonecos há 35 anos. O grupo parceiro também ajudou o elenco a aprender como manipulá-lo. O espetáculo foi contemplado na 7ª Edição do Prêmio Zé Renato de Fomento à Produção Teatral para a cidade de São Paulo.
Sobre Matéi Visniec – Dramaturgia
Nascido em 1956 em Radauti, na Romênia, Matéi Visniec vivenciou a ditadura de Ceausescu. Ainda jovem, deixa sua cidade e vai para a capital Bucareste estudar filosofia. Acreditava que o teatro e a poesia podiam denunciar a manipulação do povo por meio das grandes ideologias. Em 1987, é reconhecido na Romênia por sua poesia depurada, lúcida, ácida, mas ainda proibida para o palco. Aos 31 anos, muda-se para a França. Em apenas três anos, começa a escrever em francês e converte a sua limitação na língua em elemento criativo. Paris passa ser a sua pátria mental.
É um escritor da resistência, nunca escreveu peças comerciais. Escreve poesia e romance em romeno, mas teatro, sempre em francês. Visniec tem parentesco com o surrealismo e com o teatro do absurdo. Suas peças cheias de humor ácido são editadas e encenadas em diversos países.
Sobre Clara Carvalho – Direção
Diretora, professora e tradutora, Clara Carvalho é uma das atrizes mais premiadas de sua geração. Ela foi indicada quatro vezes ao Prêmio Shell por Ivanov, Frankensteins e Ou Você Poderia Me Beijar. Venceu, em 2002, o Shell por Órfãos de Jânio e, no mesmo ano, o Prêmio Qualidade Brasil de melhor atriz por Major Bárbara. Ganhou o Prêmio APCA de 2003 por Frankensteins e o Prêmio Mambembe 1998 por Ivanov. Em 2011, foi indicada ao Prêmio APCA de melhor atriz por sua atuação em Espectros. Em 2014 é novamente indicada ao Prêmio APCA por Preto no Branco, no Núcleo Experimental de Teatro. Em 2012, recebeu indicação ao Prêmio Quem de melhor atriz por seu trabalho em Isso é o que Ela Pensa, de Alan Ayckbourn. Em 2013, foi indicada aos prêmios Aplauso Brasil e APTR por sua atuação em Anti-Nelson Rodrigues, de Nelson Rodrigues.
Clara acaba de receber Premio Aplauso Brasil de melhor diretora pelo espetáculo Condomínio Visniec (2019) de Matei Viscniec, também dirigiu A Reação (2014), de Lucy Prebble; A Máquina Tchekhov (2015), de Matéi Viscniec, em parceria com Denise Weinberg, indicada aos prêmios APCA (melhores direção e espetáculo) e Aplauso Brasil (melhores espetáculo e elenco), ganha o Premio Shell de Iluminação com Wagner Pinto neste trabalho; Órfãos (2011), de Dennis Kelly, montagem vencedora do Festival de Teatro da Cultura Inglesa de São Paulo; e Valsa nº6 (2009), de Nelson Rodrigues.
SINOPSE
Meierhold (importante encenador Russo do início do século XX) dirige “Ricardo III” de Willian Shakespeare. Durante todo o tempo, ele tenta montar o espetáculo e entender o que se passa na sua própria cabeça. É constantemente impedido por figuras políticas, familiares e fantasmas. Nesse processo nasce seu filho: um Boneco que já nasce adulto é o próprio Ricardo III, que também critica e desaprova a direção teatral do pai. Meierhold acaba sendo preso e a peça é cancelada.
FICHA TÉCNICA
Texto: Matéi Visniec
Direção: Clara Carvalho
Elenco: Rubens Caribé, Duda Mamberti, Fernanda Gonçalves, Junior Cabral, Livia Prestes, Mara Faustino, Rogério Brito e Rogério Pércore
Assistente de Direção: Mariana Muniz
Cenografia e Figurino: Chris Aizner
Iluminação: Wagner Pinto
Boneco: Beto Andreta – Cia Pia Fraus
Música Original: Ricardo Severo
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Fotos: Luciana Zacarias
Produtores Associados: Livia Prestes,Daniel Palmeira, Leo Chacra e Tamires Serket
Idealização: Livia Prestes
SERVIÇO
Ricardo III ou Cenas da Vida de Meierhold, de Matéi Visniec
Teatro Cacilda Becker – R. Tito, 295 – Lapa
Temporada: 5 de outubro a 27 de outubro de 2019
Sábados, às 21h; e Domingos, às 19:30
Ingressos: R$ 30
Classificação: 12 anos
Duração: 70 minutos
Capacidade: 198 lugares
Endereço: Rua Tito, 295 – Lapa
Informações: (11) 983395985 Dani e (11) 972321737 Tatá
Bilheteria: aberta duas horas antes do início do espetáculo
Venda de ingressos online: SYMPLA
Algumas críticas
Dirceu Alves Jr.(Veja SP)
A dramaturgia refinada exigeria do espectador um conhecimento prévio do original de Shakespeare. Assim será facilitada a compreensão das metáforas, algumas delas relacionadas a polêmicas recentes, como a banalização da violência e a perseguição aos artistas.
Edgar Olímpio de Souza
Apesar da seriedade do assunto, trata-se de uma comédia na qual o riso serve como válvula de escape de uma farsa soturna. O espectador imerge em um espetáculo que exala uma atmosfera surrealista, que embaralha habilmente o trágico com o ridículo e articula crítica arguta e sutil ao poder e seus arbítrios.
Jose Cetra
“… uma das peças mais instigantes de Viesnic usando e abusando de meta teatro para mostrar os delírios de Meirhold durante os ensaios de Ricardo III de Shakespeare”
Maurício Mellone
Aplauso Brasil
“A diretora se vale muito da criatividade de sua equipe técnica: a iluminação de Wagner Pinto, os cenários de Chris Aizner (destaque para o boneco criado por Beto Andreta) e a trilha sonora de Ricardo Severo são elementos essenciais para a condução cênica. Por ser atriz, Clara dá ênfase à interpretação e os atores correspondem, com grande sintonia em cena; destaque para Rubens Caribé (com mais uma grande composição.).”