COBRA NA GELADEIRA

Montada pela primeira vez no Brasil, Cobra na Geladeira, do canadense Brad Fraser, reestreia no Teatro Viradalata

Dirigido por Marco Antônio Pâmio, espetáculo narra a vida de jovens que vivem em uma casa misteriosa, retratando um mundo desumanizado e dominado pelo consumismo. Elenco traz Esdras de Lúcia, Felipe Hofstatter, Gustavo Moura, Juliane Arguello, Lui Vizotto, Marina Possebon, Regina Maria Remencius, Rodrigo Basso e Tailine Ribeiro

Uma imagem contendo pessoa, homem, patinação, ao ar livre

Descrição gerada com muito alta confiança

Fotos de Gal Oppido

Depois de estrear no Centro Cultural São Paulo (CCSP), a versão de Marco Antônio Pâmio para Cobra na Geladeira, do canadense Brad Fraser, reestreia no Teatro Viradalata, no dia 6 de outubro. O espetáculo segue em cartaz até 25 de novembro, com apresentações aos sábados, às 21h30, e aos domingos, as 18h30.

Esta e a segunda montagem de Pâmio – vencedor do prêmio APCA 2014 pela direção da peça Assim É (Se lhe parece) – para uma obra do dramaturgo canadense; a primeira foi a peça Pobre Super Homem.

Inédito no Brasil, o texto relata a vida e relações de nove personagens, a maioria deles vivendo em uma casa antiga e misteriosa caindo aos pedaços, que serve como república. Produto do mundo contemporâneo, brutalmente desumanizado e dominado pelo consumismo, eles beiram o universo da vida noturna e da indústria do sexo, através de comportamentos insanos e descontrolados.

A partir de temas como o consumismo descontrolado, a dependência química, a autocobrança dos jovens para corresponder às exigências sociais, o uso da internet na propagação de conteúdo adulto, o racismo, o abuso sexual, entre outros, o texto traça um panorama ácido e ao mesmo tempo bem-humorado sobre a sociedade contemporânea e seus valores em transformação.

A encenação explora a linguagem cinematográfica, assim como o texto original, para dar conta das mais de 100 cenas de Fraser, que têm rápidos saltos no tempo/espaço, cortes secos e diálogos curtos, diretos e sarcásticos.

Outra característica da obra é sua capacidade de deixar a plateia ser conduzida por uma espécie de montanha russa, ao percorrer caminhos eletrizantes e sem chance de volta no seu percurso tortuoso. O objetivo é fazer com que o espectador se sinta dentro da Casa, que pode ser considerada a protagonista da peça, onde habitam e convivem esses personagens. “Minhas peças são sobre pessoas que estão tentando criar famílias e sobre a grande dificuldade de se fazer isso”, diz Fraser. Vale citar que a “cobra na geladeira” do título também se torna uma habitante da Casa e elemento-chave da história.

Com poucos elementos realistas no cenário, a montagem privilegia o trabalho do ator, à medida que todas as decisões e emoções acontecem no próprio texto. Já a iluminação tem a proposta de marcar as transições de lugar e de tempo em cada cena.

Sem temer provocar progressistas ou conservadores, a peça não se perde em sentimentalismos e relata pessoas solitárias na sua busca desesperada por alguma forma de afeto.

SOBRE BRAD FRASER

Considerado um nome importante na dramaturgia mundial, o canadense Brad Fraser é conhecido por trazer em suas peças uma visão ao mesmo tempo dura e cômica da vida contemporânea. Seu teatro flerta com a linguagem cinematográfica, ao trazer diálogos ácidos, diretos e rápidos e não respeitar as famosas unidades de espaço/tempo/ação.

Segundo sua própria definição, seus personagens têm em comum o exercício pessoal de tentar se encaixar na sociedade em que vivem: sociedades industrializadas, assépticas, destituídas de noções comunitárias e brutalmente desumanizadas. Por trás da nova velha ordem econômica, erguida nos velozes anos 90, a exclusão material faz par com a exclusão do afeto.

Algumas de suas obras são “Wolfboy” (1981), “Amor e Restos Humanos” (1989), “Pobre Super Homem” (1994), “Martin Yesterday” (1998), “The Ugly Man” (1994), “Cold Meat Party” (2003), “True Love Lies” (2009), “Five @ Fifty” (2012) e “Kill Me Now” (2015).

SOBRE MARCO ANTÔNIO PÂMIO

Com mais de 30 anos de carreira, o ator e diretor Marco Antônio Pâmio estudou no Centro de Pesquisa Teatral (CPT) e no Drama Studio London, na Inglaterra. Logo em sua estreia nos palcos, ao atuar na peça “Romeu e Julieta” (1984), de William Shakespeare, com direção de Antunes Filho, recebeu o prêmio APCA na categoria “ator-revelação” no papel de Romeu.

Pâmio foi agraciado com esse prêmio em outras duas ocasiões: em 2006, pela atuação em “Edmond”, de David Mamet; e em 2014, pela direção de “Assim É (Se lhe Parece)”, de Luigi Pirandello. Ele também já foi indicado pela crítica aos prêmios Shell, Aplauso Brasil e Mambembe nas categorias de melhor ator e diretor.

Alguns de seus trabalhos mais recentes como diretor são “A Profissão da Sra. Warren” (2018), de Bernard Shaw; “Baixa Terapia” (2017), de Matías Del Federico; “Noites Sem Fim” (2016), de Chloë Moss; “Playground” (2016), de Rajiv Joseph; “Consertando Frank” (2015), de Ken Hanes; e “Propriedades Condenadas” (2014), de Tennessee Williams.

Como ator, seus trabalhos mais recentes foram “Céus” (2017-2018), de Wajdi Mouawad; “Troilo e Créssida” (2016), de William Shakespeare; “Repertório Shakespeare: Medida por Medida e Macbeth” (2015-2016) e “A Língua em Pedaços” (2016), de Juan Mayorga. Atualmente está em cartaz em “A Noite de 16 de Janeiro”, de Ayn Rand, dirigido por Jô Soares.

SINOPSE

Inédita no Brasil, a peça de Brad Fraser mistura a vida contemporânea com um clássico mistério de uma casa mal assombrada. A história relata a vida de jovens que dividem uma república em algum lugar underground de uma grande metrópole. Em um universo cercado pela indústria do sexo, dependência química e consumismo desenfreado, os personagens tentam sobreviver e se adequar às exigências sociais.

Ficha técnica
Autor: Brad Fraser
Tradução e Direção: Marco Antônio Pâmio

Elenco / Personagem:
Esdras de Lúcia – Tony
Felipe Hofstatter – Charles
Gustavo Moura- Adrian
Juliane Arguello – Dany
Lui Vizotto – Gabriel / Christian
Marina Possebon – Keila
Regina Maria Remencius – Vivian
Rodrigo Basso – Eric
Tailine Ribeiro – Sarah

Assistente de direção: Gonzaga Pedrosa
Cenografia: Duda Arruk
Execução cenográfica: FCR- Produções Artísticas ltda
Supervisão cenográfica: Luis Rossi
Figurino: Fábio Namatame
Luz: Wagner Antônio
Fotos: Gal Oppido
Programação Visual: Gal Oppido Fotografia e Comunicação
Trilha Sonora: Marco Antônio Pâmio
Música Incidental Original: Ricardo Severo e Rafael Thomazini
Produção Musical: Several Sounds
Preparação Vocal: Lui Vizotto
Operação de Som: Rafael Thomazini
Assistente e Operação de Luz: Douglas de Amorim
Produção: Valentina Produções
Coordenação de Produção: Taís Somaio
Co-Produção: Gustavo Moura
Assistente de Produção: Tainá Somaio
Assistente de Figurino: Juliano Lopes
Estagiário de Iluminação: Gustavo Viana
Contrarregras: Eder Soarez e Lidio Soares
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

SERVIÇO
Cobra na Geladeira, de Brad Fraser
Teatro Viradalata – Rua Apinajés, 1387 – Sumaré
Temporada: de 6 de outubro a 25 de novembro
Aos sábados, às 21h30, e aos domingos, às 18h30
Ingressos: R$ 20
Classificação: 16 anos
Duração: 120 minutos