MONTANHA-RUSSA

Documentário biográfico Montanha-Russa, de Marcelo Braga, narra história de pessoa com transtorno bipolar

Com direção de José Eduardo Vendramini, espetáculo da Cia. Filhos do Dr. Alfredo faz temporada no Viga Espaço Cênico a partir de 3 de agosto. Elenco traz Clóvis Gonçalves, Valéria Lauand, Ana Carolina Capozzi, Juliano Veríssimo e Haroldo Costa Ferrari

 

Fotos de João Caldas Fº

O transtorno bipolar, caracterizado por mudanças radicais de humor – da depressão à mania -, é tema do documentário cênico Montanha-Russa, de Marcelo Braga. Dirigido por José Eduardo Vendramini, o espetáculo estreia no dia 3 de agosto no Viga Espaço Cênico, onde fica em cartaz até 23 de setembro.

Com momentos realistas e outros mágicos, a história é narrada pelo filho de um homem com transtorno bipolar. Por meio de situações inspiradas em fatos verídicos, elementos ficcionais e uma pesquisa sobre o tema, a peça revela como a família lida com a doença do pai e o impacto sobre os relacionamentos entre os integrantes daquele núcleo.

O espetáculo tem vários planos, que são imbricados cenicamente – como o realista, o poético e o épico. Na representação da consciência, por exemplo, há as cenas do cotidiano da família, principalmente entre o Pai doente e a Mãe devastada pela doença do marido. Já nas referências ao subconsciente, existe a menção ao efeito quase indescritível da mania – estado de extrema euforia e agitação – e da depressão sobre a pessoa bipolar.

A direção parte do conceito do “jogo revelado”: os atores representam mimeticamente as cenas oferecidas pelo dramaturgo, mas a presença do Filho narrador traz o elemento metalinguístico da encenação dentro da encenação e da revelação dos procedimentos teatrais, sem perder a poesia do texto, porque tudo será incorporado e aproveitado, de modo que um plano não desvalorize o outro.

A cenografia parte dessa dualidade entre consciente e inconsciente. Uma cortina transparente separa a realidade da fantasia. O cenário é composto por cinco cadeiras e um apoio, onde ficam os objetos de cena e alguns adereços das personagens episódicas.

SOBRE A CIA. FILHOS DO DR. ALFREDO

A Cia. Filhos do Dr. Alfredo foi criada em 2001 por atores formados pela Escola de Arte Dramática (EAD/ECA/USP), com a intenção de desenvolver pesquisas de linguagens próprias a partir de diferentes formas dramatúrgicas. O nome é uma homenagem a Alfredo Mesquita, fundador do conjunto amador Grupo de Teatro Experimental (GTE), uma das raízes para a criação do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), e da Escola de Arte Dramática (EAD).

Com 17 anos de existência, a companhia já possui uma importante trajetória e pretende continuar seu trabalho, buscando, a partir do encontro com diferentes diretores e autores, proporcionar cada vez mais desafios para os atores e, com isso, desenvolver espetáculos que dialoguem diretamente com a nossa realidade.

Atualmente, com nova formação, o grupo busca fortalecer a parceria de longa data entre o ator e diretor Marcelo Braga e o dramaturgo e encenador José Eduardo Vendramini. Alguns dos espetáculos criados por essa dupla foram “Sinfonia do Tempo”, “Jogo de Damas” e o texto de “Quem fica com Quem”.

SOBRE JOSÉ EDUARDO VENDRAMINI – DIRETOR

É dramaturgo, encenador, professor titular emérito aposentado do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de São Paulo, tendo iniciado sua trajetória artística em 1964. Membro fundador do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, ganhou quatro prêmios Governador do Estado (como figurinista e cenógrafo) e várias menções honrosas em concursos de dramaturgia. Entre seus inúmeros textos estão “Cartas Libanesas”, “O Canil”, “Baile de Debutantes”, “Lona Estrelada”, “Feliz 64 ou Aula de Amor”, “Diálogo com a Mãe”, “Sinfonia do Tempo”, “Jogo de Damas”, “Querido Brahms”, “Pai, Filho, Pai” e “Caixa de Memórias” (em cartaz, sob a direção de Márcio Aurélio). Vendramini dirigiu grandes textos da dramaturgia mundial.

SOBRE MARCELO BRAGA – AUTOR

Dramaturgo, ator e diretor, Marcelo Braga é formado pela Escola de Arte Dramática (EAD/ECA/USP) e pelo Curso de Interpretação e Formação de Atores e Cantores – FUNARTE, coordenado por Myrian Muniz. Professor de Artes Cênicas na Universidade Anhembi Morumbi e na Faculdade Paulista de Arte, ele coordenou a Equipe de Teatro do Programa Vocacional da Secretaria de Cultura da Cidade de São Paulo por sete anos. É mestre pelo Instituto de Artes da UNESP e doutor pela Escola de Comunicações e Artes da USP.

É autor de várias adaptações para o teatro, entre elas “O Alienista”, de Machado de Assis, e “A Máquina”, de Adriana Falcão. Seu primeiro texto publicado foi “Pertencimento”, lançado, em 2013, pela Giostri Editora.

Dirigiu “O espectador condenado à morte” e “O país está consternado”, ambos de Matéi Visniec (2017), “O curioso incidente do cachorro no meio da noite”, de Mark Haddon (2016), “Mediano”, de Otávio Martins (2014), “Jogo de Damas” (2010), de José Eduardo Vendramini; “Ao Vencedor, As Batatas!” (2009), de Machado de Assis; “Ritual Íntimo” (2007), de João Silvério Trevisan; “Pelo Buraco da Fechadura” (2001), de Nelson Rodrigues; “Pai”, de Izaías Almada (2000).

Participou como ator de diversos espetáculos, como “As Cinzas do Velho” (2013), dirigido por Luiz Artur Nunes; “Amor Que (Não) Ousa Dizer Seu Nome” (2011), por Milton Morales Filho; “Sinfonia do Tempo” (2004), por Silnei Siqueira (2004/2005) e “O Tolo” (2000), por Tiche Vianna. No cinema, participou dos filmes “Amarar”, de Emanuel Mendes; “Meias Verdades”, de Graziela Pinheiro; e “Cronicamente Inviável”, de Sérgio Bianchi. Atuou nas novelas “Marisol”, “Jamais te Esquecerei” e “Carrossel”, todas no SBT.

SINOPSE

O documentário biográfico investiga o universo do transtorno bipolar, caracterizado por uma intensa variação de humor, da depressão à mania. Um filho conta a história do pai que sofre com essa doença psiquiátrica. Situações inspiradas em fatos verídicos, elementos ficcionais e pesquisa sobre o tema revelam o impacto do transtorno nas relações entre todos os membros de uma família.

FICHA TÉCNICA
Diretor: José Eduardo Vendramini
Autor e Diretor de Produção: Marcelo Braga
Assistentes de Produção:  Martha Almeida e Ana Carolina Capozzi
Assistente de Direção: Haroldo Costa Ferrari
Cenógrafo e Figurinista: Luis Rossi
Elenco: Clóvis Gonçalves, Valéria Lauand, Ana Carolina Capozzi, Juliano Veríssimo e Haroldo Costa Ferrari
Iluminação: Thayse Sborowski
Trilha: Dario Ricco
Operadora de Som: Paloma Rodrigues
Fotos: João Caldas Fº
Designer: Milo Araujo
Assessoria de imprensa: Pombo Correio

SERVIÇO
Montanha-Russa, de Marcelo Braga, com direção de José Eduardo Vendramini
Viga Espaço Cênico – Sala Piscina – Rua Capote Valente, 1323, Pinheiros
Próximo ao Metrô Sumaré.
Temporada: de 3 a 26 de agosto, às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos às 19h.
De 1º a 23 de setembro, aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h
R$ 50
Classificação: 12 anos