SUÍTE STRINDBERG

Das Dores – Suíte Strindberg faz temporada no Teatro Viradalata

Fotos de Birgit Schrader

O espetáculo é uma encenação e adaptação de Samir Signeu, a partir do entrelaçamento e tessitura de alguns dos textos dramatúrgicos do autor sueco August Strindberg (1849-1912)com a Epifania Cia. De Teatro. O trabalho privilegia a fragmentação enquanto forma e evidencia a sensibilidade feminina em situações de extremo apelo emocional. A estreia é dia 1º de julho no Teatro Viradalata.

Cenas de obras como ‘Senhorita Julia’, ‘A Mais Forte’, ‘O Pai’, ‘O Sonho’ e ‘O Pelicano’ são apresentadas numa estrutura fracionada, com cenas independentes, onde só a mulher tem voz. É estabelecido um diálogo provocativo, verborrágico, em um texto híbrido, que visa problematizar a questão da fragmentação do pensamento contemporâneo, em circunstâncias que dialogam com o cotidiano, na sua diversidade de aspectos e, principalmente, com um olhar mais agudo sobre o universo feminino.

Em cena a mulher com suas dores, dilaceramentos e força diante do amor, da sociedade, do trabalho, da família e da sua própria identidade.A essencialidade e o corpo cênico inspirado no trabalho coreográfico da belga Anne Teresa Keersmaeker; naquilo que há de dissonância, fragmentação e convergências e pensando o teatro como possibilidade de reescritura poética, desnudamento e revelação da condição feminina, integram a pesquisa da Cia. neste novo processo.

Sinopse
Três atrizes interpretam as mesmas personagens em adaptações de cenas das peças “A Mais Forte”, “Senhorita Julia”, “O Pai”, “O Sonho” e “O Pelicano”, de August Strindberg. Em cena desdobramentos de dramas existenciais, amorosos e sociais das mulheres criando uma relação direta com o cotidiano e estabelecendo um antagonismo com o autor.

Palavras do diretor
A partir da leitura da obra do dramaturgo, romancista, ensaísta e contista sueco August Strindberg, constatamos que a Mulher tem um papel fundamental no seu trabalho. Então, empreendemos a seleção de textos, onde o feminino prevalecesse, ainda que não num sentido positivo, pois toda a produção de Strindberg está verticalmente contaminada pela sua misoginia, depreciando a figura feminina.

Pinçamos, a seguir, trechos das peças Senhorita Julia, A Mais Forte, O Pai, O Sonho e O Pelicano. Tecemos uma estrutura fragmentada, de cenas independentes, onde só a mulher fala. Conscientemente procuramos, com as próprias palavras do autor contradizê-lo, ao falar do papel da Mulher. Estabelecemos, dessa forma, um diálogo provocativo. Conectivos foram inseridos para criar ligações. A intersecção desses trechos, ao mesmo tempo tão divergentes e semelhantes, gerou um texto híbrido, que visa problematizar a questão da desestruturação do pensamento contemporâneo, em situações que dialogam com o cotidiano, na sua diversidade de aspectos e, principalmente, um olhar mais agudo sobre o universo feminino.

A partir da tessitura da dramaturgia, a encenação também procurou trabalhar com fragmentos de cenas, privilegiando o trabalho das atrizes e evidenciando o uso da palavra e do corpo, como linguagens independentes, para compor uma trama na qual pudéssemos ressaltar não só as dores, mas a força dessas mulheres. Assim, o trabalho corporal e vocal foi o nosso objetivo durante todo o processo. As três atrizes em cena são a mesma personagem, mas com os seus desdobramentos de suas particularidades, das atitudes e ações. Dessa forma, temos em cena a diversidade dos vários ângulos de um mesmo papel. Ressaltamos que respeitamos a individualidade das atrizes, o que enriqueceu em possibilidades de pontos de vista.

Trabalhamos com a atemporalidade e um espaço não determinado, pois o que nos interessa é privilegiar os conflitos e questionamentos dessas mulheres. Por isso, utilizamos poucos elementos em cena: três cadeiras sobre três paredes que saem do chão, construindo um fundo infinito, que também dialogam com o figurino, tudo em uma paleta de cores do mesmo tom. Sobressai o vermelho das tulipas, como elemento simbólico não só das paixões, mas das dores femininas. A iluminação enfatiza a fragmentação com a utilização de focos direcionados e com luzes de ribalta, o que a torna expressionista. A trilha sonora é composta com peças para piano de Edvard Grieg, criando atmosferas e ambientações.

Todas essas linguagens estão coordenadas para sublinhar os aspectos psicológicos e existenciais da mulher.

Samir Signeu

Sobre a Epifania Companhia de Teatro

A Epifania Companhia de Teatro surgiu da vontade imperiosa de fazer teatro, por artistas que se uniram para colocar em prática sua pesquisa vertical a partir do teatro contemporâneo.A Cia. estreou com o espetáculo “Fragmentos Tchekhov”, em abril de  2010. A seguir, vieram os espetáculos: “Solidão a dois – Fragmentos”; “IRIS – Sentir para poder ver”; além de intervenções, cursos, oficinas e participações em eventos e festivais.Em 2015, a Cia. foi indicada nas categorias de “Melhor Cenário”, “Melhor Texto”, “Melhor Atriz Coadjuvante” no XIV-FECT da cidade de Osasco e recebeu o prêmio de “Melhor Segundo Espetáculo” para a Cena “No Cantinho com Você”. Em 2016 participou do II Festival Curta Teatral Taperá da cidade de Salto, no qual foi indicada nas categorias de “Melhor Texto” e “Melhor Atriz” e recebeu os prêmios de “Melhor Conjunto de Atrizes”, “Melhor Atriz Coadjuvante” e “Melhor Direção”.


Ficha Técnica
Adaptação e Direção: Samir Signeu
Elenco: Amanda Leones, Carla Dias e Luana Costa
Produção: Amanda Leones e Luana Costa
Cenografia e Figurino: Márcia Pires
Iluminação: Jamil Dias
Cenotécnico: Adriano Dlugosz
Técnico: Renato Hermeto

Serviço
De 01 de julho a 20 de agosto de 2017
Sábados e domingos, às 19h
Ingresso: R$ 40
Local: Teatro Viradalata
Capacidade:  270 lugares
Endereço: Rua Apinajés, 1387
Classificação: 12 anos
Duração: 70 minutos